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As bichas da encruza

Ali na encruzilhada, em uma das esquinas, três gays travestis estão batendo ponto. Nunca apareceram por essas bandas e com a quarentena é de se supor que a clientela tenha diminuído e como ali na esquina é ponto de venda de entorpecentes, capaz de não só se reabastecerem com a felicidade ilícita como ainda descolarem uma rasgada anal de algum cara ocioso (que não falta no referido ponto) e cioso de sua necessidade carnal de um buraco qualquer. Tem um magro com roupas banais, um com cabelos longos com luzes com roupa tendendo ao vulgar e outro igualmente ordinário e sem nenhuma expressividade. Lá, na sagrada encruzilhada, virou ponto de bicha puta, não bastando toda a droga que escorre. E dizem que farão jejum para salvar o Brasil do novo coronavírus. Pelo que se vê nessas áreas periféricas, pobres, amundiçadas é que o Brasil não precisa de livramento de vírus nenhum - precisa é de uma banho de civilidade política, social, histórica e econômica. ___________ Acesse e le...

O coronavírus no Rosa Elze

Em dias de quarentena o pior que se pode fazer é sair às ruas e ter contato humano - não pelo vírus, pela baixeza das expressões humanas populares. No país Rosa Elze, o coronavírus está em outro patamar - naquele em que a maior preocupação é pagar as contas mesmo e tentar sobreviver, como ocorria antes da pandemia. Na loja do GBarbosa do Eduardo Gomes apenas 50 criaturas podem estar dentro da loja. Tudo bem, é medida preventiva. O problema está na porta, com a atendente de máscara apoiada no queixo e luvas que em tudo pega e que é usada para coçar olhos, nariz e pele do rosto. Da porta para fora, a fila se agiganta e a distância mínima não é respeita porque ninguém quer ficar ao sol ou mais distante da porta que dá acesso ao paraíso do bairro. A agente de saúde, parada no meio da rua e gritando, entre críticas ao governo estadual e federal , tenta fazer com que as pessoas tenham consciência, principalmente os idosos que estão beirando a senilidade, constatada a cada palavra por...

Inquietação pelo motel

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Estava voltando do conjunto Eduardo Gomes, olhando pela janela do ônibus o resultado de uma tarde e uma noite de chuvas intensas, refletindo sobre a solidão de milhões de pessoas, que às vezes cabe dentro de uma só e às vezes não cabe em lugar algum, quando o ônibus para em um ponto sem qualquer indicação, como parecer ser muito frequente no conjunto. Levanto a vista com a mesma animação que um cachorro acordando e dou de cara com um motel esfarrapado, bem chulo.  Foto: Linha 031, Aju-S. Cristóvão Quem, em juízo perfeito, teve a ideia nada genial de colocar um ponto de ônibus em frente a um motel? Isso ninguém há de saber. O que fica claro, no entanto, é que é o pior lugar do mundo para os clientes do motel que queiram discrição e agilidade na entrada/saída. Para o proprietário, deve ser bom visto que os pobres que não tiverem automóvel próprio podem esperar umas duas horas, em média, para um mero sexo rápido e depois passar pela humilhação de esperar mais duas horas à port...