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Novo humano primaveril

 É primavera no hemisfério sul e no centro geodésico da América do Sul nada se vê além de fumaça e de uma paisagem coalhada por prédios cinzentos de fumaça. Calor e fumaça. Sem sexo - já que ninguém aguenta montar sobre corpos sob o efeito de detritos e vegetação queimada nos pulmões -; e sem apetite - o calor não permite nada além de uma insana vontade de beber água ou uma bebida açucarada qualquer, o dia vai escorrendo, na lembrança de um suor que não existe em virtude da baixíssima umidade. Há emoções latentes que não se atrevem a ultrapassar a barreira do aceitável socialmente. Há homens que se amam. Há mulheres que se desejam. Há casais que não mais se tocam. Há corpos mimetizando pessoas.  A primavera começou. Sem poesia, sem expectativas, sem amenidades. Apenas começou porque deve, não por que escolheu. As músicas que apaixonavam e abriam essa estação retratam um tempo sem calor excessivo, sem falta de água, com flores e olhares singelos (se um dia houveram). Hoje a pri...

Inexiste vida cuiabana

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  Foto: Cuiabá, 16h, coberta por fumaça. R. R. Marajá. Não há vida em Cuiabá. Pode parecer extremismo afirmar que não existe vida na capital de um estado importante para o agronegócio brasileiro. Talvez seja essa importância toda que torna Cuiabá inabitável.  Fumaça dia e noite, altas temperaturas (ou o extremo oposto) e um projeto de "vida" que não contempla pobres torna essa cidade completamente tóxica para a vida e sem nenhuma condição de abrigar o viver. A qualidade do ar é sempre ruim ou péssima, o transporte público é de uma segurança questionável (já que em Várzea Grande, cidade-irmã de Cuiabá e componente da região metropolitana, alguém sempre está morrendo atropelada pelos ônibus que as atende) e a alimentação, impregnada por agrotóxicos ou à base de açúcar e sódio, não ajuda.  Do que adiante ter parques públicos se não há condições ambientais para uma simples caminhada? E a questão ambiental é tão séria que as pessoas realmente acham que os animais são os vilões...