Inexiste vida cuiabana

 

Foto: Cuiabá, 16h, coberta por fumaça. R. R. Marajá.


Não há vida em Cuiabá.

Pode parecer extremismo afirmar que não existe vida na capital de um estado importante para o agronegócio brasileiro. Talvez seja essa importância toda que torna Cuiabá inabitável. 

Fumaça dia e noite, altas temperaturas (ou o extremo oposto) e um projeto de "vida" que não contempla pobres torna essa cidade completamente tóxica para a vida e sem nenhuma condição de abrigar o viver. A qualidade do ar é sempre ruim ou péssima, o transporte público é de uma segurança questionável (já que em Várzea Grande, cidade-irmã de Cuiabá e componente da região metropolitana, alguém sempre está morrendo atropelada pelos ônibus que as atende) e a alimentação, impregnada por agrotóxicos ou à base de açúcar e sódio, não ajuda. 

Do que adiante ter parques públicos se não há condições ambientais para uma simples caminhada?

E a questão ambiental é tão séria que as pessoas realmente acham que os animais são os vilões e que devem se proteger deles, quando na verdade é o extremo oposto. 

Some-se a isso uma educação fragilizada e pensada para tornar a população incapaz de ler uma simples mensagem. Se você tentar enviar um texto para um cuiabano qualquer terá não apenas que destrinchar todo o e-mail como também desenhar o que quis dizer - eu sei porque vivo isso todo dia. 

Agora imagine: condições ambientais péssimas comumente, educação de mal a pior, qualidade dos alimentos questionável e péssimas condições para os assalariados. 

Afirmar que não há vida em Cuiabá ainda é um elogio. 

É claro que o restante do país ignora tais condições de morte porque se produz commodities para movimentar o mercado agropecuário. Não fosse isso, as queimadas criminosas no pantanal e na amazônia mato-grossense não passariam despercebidos. 

Em Cuiabá as pessoas, mesmo sem notarem, esperam passivamente a morte no calor de 40 graus celsius, inalando fumaça e comendo e bebendo homeopáticas doses de agrotóxicos. E isso é só um resumo. 


Foto: Cuiabá, 16h, coberta por fumaça.


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