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A seca do carcará

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Foto: Palmeira dos Índios- AL. Dez/2016. Rafael Rodrigo Marajá Caminhar pelo interior na primavera chega a ser irônico. E, quase sempre, dá para fazer referência ao escritor Graciliano Ramos e o seu Vidas Secas, principalmente quando a região do passeio é Palmeira dos Índios. É um calor sem medidas, é uma vegetação seca que arranha as canelas e uma poeira sem limites. Caminhando por aí é provável que se encontre uma revoada de urubus ou outras aves de rapina esperando a próxima morte ou o próximo cadáver jogado à beira das estradas de terra batida. Essas aves são verdadeiros presentes para quem vai caminhando sob o sol escaldante de fim da primavera, rasgando as canelas e engolindo a poeira nossa de cada dia.  Quando abrem suas asas  e alçam voos vorazes sobre os transeuntes pode-se, até, lembrar da saga de Fabiano pelo sertão brabo de Palmeira dos Índios de outrora. E agora que a água está definitivamente acabando e o verão se aproximando é capaz de ter mais carni...

O Graciliano da boca do povo

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Dizem que Graciliano Ramos não era dado ao puxa-saquismo ou a ser bajulado e considerando suas obras e o que delas podemos inferir ele também não possuía lá muito senso de humor para a burguesia decadente que hoje lota Academias de Letras. E isso, considerando que não o conheci e que só li suas histórias e ouvi falar dele, tendo à mão o pouco deficitário da Casa Museu Graciliano Ramos, em Palmeira dos Índios-AL, pode induzir-me ao erro ao falar e escrever sobre o Graciliano. No entanto, não posso deixar de notar certas singularidades na terra dos marechais e que se tornam muito engraçadas à medida que o tempo vai escorrendo pelas línguas negras da orla de Maceió. É estranho que justamente a pessoa que não gostava de ser bajulado seja rotineiramente levada à fina flor da bajulação e tenha, em qualquer lugar vulgar, o nome jogado à mesa para uma discussão literária. Ninguém diz como Viventes das Alagoas retrata incisivamente os alagoanos e as veias da corrupção e do achismo do servi...

Museologia Palmerindia

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A tarde, durante a primavera e o verão, em Palmeira dos Índios, é muito convidativa para passeios e um lazer familiar. O problema é justamente ter onde passear e ter um lazer, familiar ou não. As opções de cultura da cidade restringem-se, no tocante a museus, ao Museu Xucurus, de história indígena (ou deveria ser, não fosse uma camada de três dedos de poeira e sujeira e uma mistura de informações paralelas) e a Casa Museu Graciliano Ramos (onde, notadamente, é preferível não ir, dado o descaso). Foto: Escutura da Casa Museu. Rafael Rodrigo Marajá E sobre essa Casa Museu vale lembrar que, com exceção das paredes, todo o resto é posto em dúvida uma vez que reformas não são realizadas para manter a estrutura do prédio em bom estado e o acervo é composto por objetos que podem nem ter pertencido à Família Ramos, ou a qualquer de seus descendentes e ramos familiares. Apesar de aberta aos  domingos até às 17h, a Casa Museu Graciliano Ramos não tem nem um banheiro utilizável pa...

Palmeira açulada

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Palmeira dos Índios é uma cidade injusta com a própria história e com a produção intelectual que ocorre no município, desde sempre. Ler ainda é um problema (quem quer perder tempo lendo?, dizem alguns) e visitar museus (sim!, a cidade tem dois) é uma inatividade constante. Uma triste realidade na cidade onde andou gente como Jofre Soares e Graciliano Ramos ( e que já foi visitada pelo Ariano Suassuna e pelo rei do brega, o brega de verdade, Regionaldo Rossi). Mas não se desespere! Nem tudo está perdido, graças a todos os Deuses do mundo. Há ações que sustentam as esperanças. Uma dessas é a que trará o escritor Ricardo Ramos Filho para uma palestra de fomento à leitura e que também participará, junto com o imortal Carlito Lima,  da cerimônia de premiação do Prêmio Jovem Escritor. Se por um lado a população de Palmeira dos Índios é convidada a bater um papo sobre o mundo das letras com Ricardo; por outro, jovens serão incentivados a continuar escrevendo sobre outros mundos. No...