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"Um urubu pousou na minha sorte"

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Vivemos sob o domínio do ódio ao que é preto. Olham com estranheza para humanos, gatos, cachorros e aves da cor preta. Isso deve ser um reflexo do medo da morte e de uma suposta prestação de contas. Seja como for, são nossos atos ante a cor preta da pele, dos pelos e das penas que definirão a absolvição ou a condenação nesse suposto julgamento final. E pelo que tenho acompanhado, muita gente já tem um lugarzinho reservado no Colinho de Satanás. De tudo o que é preto o que mais é hostilizado e injustiçado é a ave carniceira, o nosso não tão querido urubu. Essa espécie faz o trabalho incrível e indispensável de sumir rapidamente com a carniça exposta sobre a face terrestre. E nessa função ela é extremamente eficiente. Já vi, no Cidade Alerta, um programa policial e sensacionalista de Alagoas, um urubu puxando "a tripa do cu" do cadáver, desovado há uns dias antes da reportagem. Caminhando pelas pedreiras em Palmeira dos Índios já vi os urubus dando cabo de lixo orgânico (jo...

Mentalmorfose

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Correção: o Nome do autor é Elton, e não Edson No ano em que as previsões eram as mais pessimistas: o mundo que, dizem, vai acabar – e já acabou mesmo para alguns assassinados-, que o planeta vai ser degelado e os alimentos vão ser escassos para a nobre família humana, que a economia vai de mal a pior e que os protestos chegam a destituir ditadores e presidentes, outros são depostos sem mesmo reinvindicações. Em um panorama desses, a arte faz a festa centenária e de inovadoras obras. No 2012 corrente, Eu, de Augusto dos Anjos, o célebre Jorge Amado, o Rei do Baião, Gonzagão,  entre outros personagens e obras, completam cem anos. Com uma obra sempre atualizada e prestigiada por todas as gerações que se seguem. E em um contexto tão dual, tão rico de experiências e eventos, não é de estranhar que outras tantas obras surjam sobre a terra para divertir e abraçar os pensamentos voadores de toda a humanidade, começando a fazer da história e da vida um campo alegre e exp...

O céu e o Inferno ao gosto da Religião

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Nem tudo é o que parece, ou o que se quer Morrem por uma religião. Matam por uma idolatria e buscam o reino estranho de um céu mais bizarro ainda. E para quê os extremismos se a simplicidade dos fatos corrói cada parte de um todo bem maior, mais complexo, inevitável, e que está acima de qualquer egoísmo humano. Nossa pequenez acumula-se ao longo de um turbilhão de dizeres repetidos, de rituais e tradições. Esse é, talvez, o hábito mais perigoso da humanidade: buscar um Deus que vive acima das cabeças, sempre inalcançável. E o que pode ser Deus? Pergunta pertinente para quem não sabe quem é ou para onde vai. A questão não é o que, mas quem e como. O ser que transformaram em mito, ora cruel, ora sanguinário, ora injusto, ora onipotente, é apenas a simplicidade dos fatos. Indefinível, é verdade, entretanto, também não é complicado nem distorcido. A religião por si só distorce, perverte, engana, humilha, recrimina. E qualquer coisa pode ser uma religião: um amor incomensu...

A poesia viva

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Budismo Moderno Tome, Dr., esta tesoura, e … corte Minha singularíssima pessoa. Que importa a mim que a bicharia roa Todo meu coração, depois da morte?! Ah! Um urubu pousou na minha sorte! Também, das diatomáceas da lagoa A criptógama cápsula se esbroa Ao contato de bronca destra forte! Dissolva-se, portanto, minha vida Igualmente a uma célula caída Na aberração de um óvulo infecundo; Mas o agregado abstrato  das saudades Fique batendo nas perpétuas  grades Do último verso que eu fizer  no mundo! Augusto dos Anjos De muitas coisas os brasileiros podem se orgulhar! E dentre elas está a produção literária, patrimônio exclusivíssimo do Brasil, que ainda não foi, e acredito que não será, prostituído pelo estrangeirismo. Autores de porta de cadeia, de mesas de bares, de casas de prostituição, consagrados, anônimos, ascendentes, regionalistas, nacionais...São tantos os tipos de indivíduos que escrevem, independente da qual...

Centenários

Dois mil e doze é o ano dos centenários no Brasil! Esse ano comemora-se o centenário de Jorge Amado, Luiz Gonzaga, Herivelto Martins e da publicação do livro EU, de Augusto dos Anjos. Evidentemente que a massa populacional, analfabetos funcionais ou incultos, saberá apenas do que as emissoras de televisão do País noticiará, com muita parcialidade. Mas devemos estar atentos para esses detalhes que enriquecem e privilegia a cultura nacional. Em 13 de dezembro de 1912 nasceu Luiz Gonzaga do Nascimento, que ornou a vida nordestina com a poesia da música simples, retratando a vida e os anseios do povo pobre do nordeste, além, claro, das maravilhas que só o nordeste possui. Triste Partida Meu Deus, meu Deus Setembro passou Outubro e Novembro Já tamo em Dezembro Meu Deus, que é de nós, Meu Deus, meu Deus Assim fala o pobre Do seco Nordeste Com medo da peste Da fome feroz Ai, ai, ai, ai A treze do mês Ele fez experiênça Perdeu sua crença Nas pedras de sal, Meu Deus, meu Deus Mas no...