"Um urubu pousou na minha sorte"
Vivemos sob o domínio do ódio ao que é preto. Olham com estranheza para humanos, gatos, cachorros e aves da cor preta. Isso deve ser um reflexo do medo da morte e de uma suposta prestação de contas. Seja como for, são nossos atos ante a cor preta da pele, dos pelos e das penas que definirão a absolvição ou a condenação nesse suposto julgamento final. E pelo que tenho acompanhado, muita gente já tem um lugarzinho reservado no Colinho de Satanás.
De tudo o que é preto o que mais é hostilizado e injustiçado é a ave carniceira, o nosso não tão querido urubu.
Essa espécie faz o trabalho incrível e indispensável de sumir rapidamente com a carniça exposta sobre a face terrestre. E nessa função ela é extremamente eficiente. Já vi, no Cidade Alerta, um programa policial e sensacionalista de Alagoas, um urubu puxando "a tripa do cu" do cadáver, desovado há uns dias antes da reportagem. Caminhando pelas pedreiras em Palmeira dos Índios já vi os urubus dando cabo de lixo orgânico (jogado no mato pelos limpos humanos) e de corpos de animais domésticos, principalmente cães e gatos.
Seja humano, animais ou simplesmente lixo, o urubu é a ave mais importante das áreas urbanas e, no entanto, temos um comportamento injustificadamente agressivo contra ele. E a única explicação para isso é a ignorância e a falta de conhecimento e consciência ambiental. Aliás, nesse ponto os urubus e os garis são iguais: recebem maus tratos apenas por darem um fim na sujeira humana.
Como nunca tive problema nenhum com a ave carniceira(e sempre quis um) fiquei encantado ao receber a visita de um, dia desses, e não pude deixar de lembrar do verso de Versos Ínfimos, de Augusto dos Anjos, ao vê-lo.
E quando meu gatinho, o Tesla, que é preto de olhos amarelos, quis agarrar aquele passarinho gigante, não pude deixar de citar "Ah, um urubu pousou na minha sorte!".
Talvez um dia achemos o preto tão belo quanto o branco. E nesse dia, talvez, a morte assuma outra cor e outro nome. Até lá que tal exercitar outro olhar sobre aquilo que é diferente?
De tudo o que é preto o que mais é hostilizado e injustiçado é a ave carniceira, o nosso não tão querido urubu.
Essa espécie faz o trabalho incrível e indispensável de sumir rapidamente com a carniça exposta sobre a face terrestre. E nessa função ela é extremamente eficiente. Já vi, no Cidade Alerta, um programa policial e sensacionalista de Alagoas, um urubu puxando "a tripa do cu" do cadáver, desovado há uns dias antes da reportagem. Caminhando pelas pedreiras em Palmeira dos Índios já vi os urubus dando cabo de lixo orgânico (jogado no mato pelos limpos humanos) e de corpos de animais domésticos, principalmente cães e gatos.
Seja humano, animais ou simplesmente lixo, o urubu é a ave mais importante das áreas urbanas e, no entanto, temos um comportamento injustificadamente agressivo contra ele. E a única explicação para isso é a ignorância e a falta de conhecimento e consciência ambiental. Aliás, nesse ponto os urubus e os garis são iguais: recebem maus tratos apenas por darem um fim na sujeira humana.
Como nunca tive problema nenhum com a ave carniceira(e sempre quis um) fiquei encantado ao receber a visita de um, dia desses, e não pude deixar de lembrar do verso de Versos Ínfimos, de Augusto dos Anjos, ao vê-lo.
E quando meu gatinho, o Tesla, que é preto de olhos amarelos, quis agarrar aquele passarinho gigante, não pude deixar de citar "Ah, um urubu pousou na minha sorte!".
Talvez um dia achemos o preto tão belo quanto o branco. E nesse dia, talvez, a morte assuma outra cor e outro nome. Até lá que tal exercitar outro olhar sobre aquilo que é diferente?
![]() |
Foto: Urubu. Rafael Rodrigo Marajá. 2015 |
Clique aqui e leia Um quarto no escuro.
Clique aqui e leia Áspide.
Comentários
Postar um comentário
Após análise, seu comentário poderá ser postado!