A banal oração

Nem havia aberto os olhos e o barulho já tinha entrado no quarto pelas frestas da porta. 
Palavras proferidas em alto tom, parecendo uma briga, que vinha de algum lugar perto. Com o passar dos minutos e o sono se afastava, a voz parecia lamentar, depois pedir. Tudo, em menos o que ela mais queria - clamar.
Era o pastor assembleiano, que anda na boca do povo por fazer coisas que o Livro condena, orando pela vitória da esposa em algo banal. Um dia, se esse Deus hebraico existir e eu topar com ele, irei perguntar se esses ministros não poderiam gritar mais baixo ao amanhecer ou se quanto mais alto mais chances de conseguir a banalidade pedida.
Meus olhos abertos, vasculhando as mensagens urgentes de um trabalho fundamentado na decadência do corpo humano, tornaram-se despertos só pela gritaria. 
A religião que embrutece e emudece os fiéis já tornou a sociedade doente. E só de doenças anda vivendo o brasileiro cristão.

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