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Pobrices de quarentena

A quarentena entre os pobres do Rosa Elze parece as festas de fim de ano, só que em Março e sem muita água celeste para encerrar o verão. Os meninos pobres ainda soltam pipas na rua e as meninas saem à noite para brincar - uns seguram objetos cilíndricos que os ligam a pipas, mesmo à noite, outras correm para colocar objetos igualmente cilíndricos na boca. Os pais? bêbados que dormitam o dia todo e quando a noite finalmente cai correm para dentro de casa para ou produzir outro pequeno demônio ou assistir às reprises de novelas. A rua fica aí, cheia de gente esperando que a pandemia seja trazida na carona dos traficantes. Uma varredura de doença que pretende acabar com os pobres, velhos e novos diabos, parece nunca chegar nas ruas mais periféricas dessa que, dizem, é a cidade mãe de Sergipe. Poeira, drogas, baixezas de todos os tipos  - nada de novo durante essa quarentena que parece estar longe do fim. ___________ Acesse e leia: Anjo da Guarda  (Amazon) ...

Opressão sonora

Existe um tipo de canso que irrita e oprime, provocando, em alguns casos, evidente mal-estar físico - o sonoro. Nas casas ao longo dessa rua de barro, que já viu o germe do saneamento básico mas nunca o asfalto, hits rotineiramente repetidos compõem a trilha sonora eclética e de péssimo gosto. Do sertanejo à fossa, todos tem um lugar especial no coração dos pobres periféricos que habitam as bandas do Rosa Maria.  E o pior nem é, necessariamente, ouvirem a mesma playlist todos os dias, o dia todo. É obrigarem os demais a ouvir também, como se todos gostassem de brega funk ou da enjoativa Marília Mendonça. Há nessas pessoas uma falta de discernimento sem ímpar sobre convivência social e dignidade pessoal. E se as letras das músicas revelam algo sobre o próprio ser então essas pessoas são adúlteras ou propensas ao melodrama. Talvez por isso os botecos sujos com mesas engorduradas e garçons grosseiros estejam sempre cheios e prontos a explodir entre risos, choros e ameaças velad...