Ratinho do poder
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Foto: crédito na imagem |
Noite dessas Jade ia chegando no cortiço Eucaliptos, cambaleando pelo
estacionamento, quando, ao longe, viu um gato estranho andando para lá e para
cá entre os carros. Chegando mais perto Jade viu que o seu gato na verdade era
um gabiru que rondava o estacionamento e as vielas do cortiço em busca de
comida. Manter um corpinho gigante daqueles dá muito trabalho e precisa de
muito lixo orgânico para suprir as necessidades. A sorte é que Jade não tem
medo de ratinhos geneticamente incentivados – mas é sempre bom dar espaço para
esses bichos e Jade foi embora, deixando-o em paz.
Não é de estranhar que, além das baratas cascudas que entram pelas
janelas dos prédios velhos e decadentes, ratos se criem por entre as lixeiras
impróprias de cada conjunto de blocos. Esses depósitos, que dão muito trabalho
para o pessoal da manutenção, é o exemplo eficaz de lixão adaptado para
condomínios.
Daqui a pouco as baratas vão entrar pela janela aberta, comer a pele
morta dos dedos e pés de Jade e quando ele der por si estará sendo arrastado,
escada abaixo, por um ratinho de três quilos para ser o jantar fresco de uma
colônia de bichinhos saudáveis cuidados pelo síndico do Cortiço.
E ninguém estranhe quando a notícia do ataque dos ratos cobrir a
primeira página dos projetos de jornais sensacionalistas sergipanos; por
precaução Jade não sai mais à noite.
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