A vulgar de São Cristóvão

Achei de pegar o São Cristóvão/Zona Oeste, no começo da noite. Uma ideia terrível já em dias e condições normais e pior ainda quando a UFS começar a dar os últimos arquejos de um período longo o suficiente para fazer qualquer um mudar de ideia sobre o profissionalismo de alguns docentes e a qualidade da educação pública. E lá fui eu, hora-instante de pegar um tétano na lataria enferrujada ou, pior, uma DST, dada uma proximidade exagerada com os outros tripulantes, com apenas o corpo sacolejando (a alma ficou na plataforma do terminal, recusando-se terminantemente a embarcar em tal empreitada).
E como sempre há o brinde em cada passagem, o da vez era uma manada de gordas, comandada por uma velha gorda vulgar. Nunca na história do transporte coletivo da região metropolitana de Aracaju houve uma mulher mais grosseira, vulgar e desagradável como usuária. E já que estava lá, imprensado entre uma mulher com dois meninos feios pequenos no colo e uma barreira de corpos sujos, suados e deprimentes entre eu e a porta, o jeito foi ficar lá até o fim da viagem (que deveria ser de, no máximo, cinco minutos). A viagem mais longa que já fiz!
A gorda vulgar gritou, e dava para ouvir do aeroporto os gritos e obscenidades da criatura, urrou, gargalhou e quase explodiu os tímpanos de todos no ônibus, com exceção, é claro, das amigas gordas e vulgares que possuíam, na certa, uma camada de gordura extra nos ouvidos e que, por isso, a outra tinha que berrar para provocar um sussurro.
Daí uma discussão entre a gorda vulgar-mor e um homem velho começou e do meio da viagem para o fim o caldo terminou de desandar de vez. O tormento de quem utiliza o serviço coletivo de transporte é mais a falta de educação dos próprios usuários que o serviço esdrúxulo prestado pelo Setransp.
E como a cada vulgaridade ou obscenidade da mulher uma parte considerável dos usuários sorriam, ela criava asas e alçava voos cada vez mais altos. Por sorte o terminal do campus surgiu, não como um passe de mágica e não tão de repente quanto eu teria gostado, e pude enfim livrar-me de tão desprezíveis companhias.
Quando o ar quente e não tão puro do terminal me veio, a mulher já ia berrando no ônibus e, mesmo com quase 10 metros de distância, ainda parecia que estava dentro do maldito veículo.



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