O Cemitério de Praga




A tendência natural de promover a segregação de etnias e estereótipos criou, no decorrer da história humana, horrores e genocídios, expressos através de guerras mundiais e civis e assassinatos rueiros tidos comuns por algum tempo.
Nesse cenário podemos encontrar as lutas antissemitas, racistas , ridicularização do pobre do campo [ e da cidade]. A manipulação midiática, para atender a essas finalidades também foi, e continua sendo em escala variada, o meio pelo qual essas campanhas se eternizam.
E foi n’O Cemitério de Praga que Simone Simonini denunciou o complô mundial dos judeus, franco-maçons, para dominar os cristãos através dos meios de comunicação, da economia, da politica, de sociedades secretas e das forças armadas.
Junta-se nessa luta contra os cristãos a credulidade cristã em tudo o que é dito ser de Lúcifer, único deus verdadeiro para Boullan, Diana e suas seitas.
Umberto Eco, nesse livro, remonta o diário de Simonino desde sua infância e mostra ao leitor como ações aparentemente simples, como o assédio de padres sobre crianças e os primeiros e fracassados contatos com o sexo oposto,  pode traumatizar ferozmente uma criança, o adulto posterior. Uma obra de linguagem de alto nível, com uma estrutura interna muito interessante e encadeada que torna a leitura muito agradável, embora densa e impregnada de detalhes.
O problema está justamente nesses detalhes: o leitor poderá, por distração ou por achar pouco importante, perder alguma passagem do diário de Simonino e que pode representar parte fundamental no desenrolar da história. O excesso de informações, para quem não está habituado, pode ser um problema.
O Cemitério de Praga possui, à exceção de seu protagonista, fatos, dizeres e lugares reais ao longo da história humana, o que pode até justificar a loucura Hitlerista pela “raça ariana”, tão latente nos idos de 1897, já. Além disso, ilustra como a manipulação da mídia influencia a queda e ascensão de Governos e Ditadores e de como o povo é manipulável em toda sua parca instrução e credulidade cega.
Uma obra que Eco deixou para que cada um fizesse de seu mundo particular um universo de verdades manipuláveis. Embora seja ambientada no fim do século XIX e início do XX, representa muito bem o nosso cotidiano “virtualizado” e cheio de informações estúpidas.

Ilustração do livro


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