Suíte de Silêncios
Cada um, e todos, carrega amores intensos nos mais recônditos
escuros do coração. E há espaço para abandonos, muitas vezes simples e
marcantes, que se acumulam durante toda a vida; para frustrações; para paixões;
para palavras inaudíveis que são pensadas no trajeto para casa ou na ida para
lugar nenhum, quando se pega um ônibus qualquer, sem destino e sem projetos
iniciais.
Duína é a representação dos
inúmeros eus que habita os corpos que trafegam nos centros urbanos e na bucólica
melancolia dos interiores. Um personagem sofrido por respostas que nunca chegaram,
por dúvidas e imprecisões que arrebentam as emoções mais marcantes que moldam o
caráter de um indivíduo. E que nunca foi abandonado? Quem nunca ficou sem
resposta, sem aquela resposta? Quem nunca teve que se desfragmentar para
sobreviver ao vendaval de sentimentos de uma perda?

Marilia Arnaud cria a Suíte de Silêncios em que, posso
arriscar uma certeza, todos, se já não visitamos, vamos visitar. É uma obra que
deixa o leitor ora melancólico, ora saudosista, ora irado, ora decepcionado
consigo e suas lembranças.
Suíte de Silêncios foi o primeiro livro publicado da escritora
paraibana. E é um livro cuja atualização
automática ressalta em quem o lê o espírito esquecido de um diário
perigosamente esclarecedor sobre as várias facetas de um comportamento
erroneamente entendido como inexplicável. A cada um cabe seus terrores e medos,
escrevi outro dia, e Arnaud mostra-nos isso com uma qualidade de escrita que só
um brasileiro pode fazer.
Arnaud alinha seu texto com as
particularidades do nordeste, com a fluidez da música, com o sentimento de quem
sabe o que está fazendo.
Para ser sincero, Suíte de
Silêncios é um livro muito intenso e tudo o que se pode dizer dele é que só
quem tem experiências parecidas com as de Duína é que pode entender
completamente seu significado.
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