Para você..!
vento no litoral
Quando as palavras fizeram do
tempo uma ampulheta inútil e uma grande neblina havia caído sobre as nossas
cabeças, tinha se perdido o foco entre os achados guardados e nada parecia mais
que uma ilusão entre olhos e pele. No ranger de portas novas e o desinstalar de
programas fizemos de uma possibilidade o ocaso que acalenta a todos, menos a
quem realmente devia.
E caíram as folhas do outono
sobre a grama pisoteada e nenhuma forma de vida foi capaz de restaurar a antiga
ordem. E que ordem? Deixaram para trás aquilo que mais importava tentando
realizar grandes feitos, com grandes promessas e diversas maneiras de viver um
algo algoz. Nada restou entre o último grão da ampulheta e o reflexo cristalino
nos rios pelos quais passaram.
O sol continua lá. Nada mudou, se
remexer entre pertences próprios escondidos nos baús do contentamento. Se
alguém pensa em procurar perfeição, desista! Pode ser perfeito em imperfeições,
cujos sinais sempre caem sobre um prato a ser servido: coma-o e verá que nada é
tão cruel e injusto que não pode ser mudado ou convivido. Das perfeições o
inferno lotou e os imperfeitos não são nada mais que aquilo que a verdade, de
nome mentira, quis que fossem.
Há alguém que toque o telefone e
brigue. Há alguém que invada sua cabeça e revire tudo. Há alguém que mede seu
tamanho com olhos carniceiros. Há alguém que despede suas faculdades mentais e
contrata os efêmeros momentos de lazer. Há alguém que omite. Há alguém que machuca
ao dizer a realidade. Há alguém que desce à lama para mostrar que os deuses são
feitos de barro e água. Há alguém que evidencia todos os defeitos que possui e
aqueles que ainda possuirá, talvez. Há alguém que briga sem razão com honestos
e desnudos. Há alguém que brinca com a morte. Há alguém que destrói seus
temores e recoloca-os no lugar só para não ter que te proteger sempre. Há
alguém que sua sem medo ante o perigo a te rondar. Há alguém que é ora criança
ora velho só para mostrar que o tempo é um deus moldável.
Se há alguém, então desperdice o
tempo com ninguém. E para quê?
Não é preciso ser de nenhum lugar
especial para saber que todos vão para o inferno, tendo sido bonzinhos ou não.
Então, para que tanto querer ser correto? O correto é nada mais que um estar
bem, na hora certa, do jeito certo. Preocupa-se com o julgamento alheio, se o
alheio não tem importância nos bons momentos e nas piores situações.
Abra a porta nova, de repente
envelhecida pelo desuso, e experimente revoltar-se contra tudo o que é “admirável”.
Nada tem valor se aquilo que realmente quer fazer não for feito, usado e
vivido.
O tempo é curto. O corpo morre a
cada segundo. A vida está galopando lá fora. Vai ficar parado?
será
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