Dia da Mulher!




Pode-se dizer que hoje é dia da  maquiagem, do salto alto e da rasteirinha, do salão de beleza, das compras, do perfume e de tudo o que pode caracterizar o sexo feminino, e só o sexo feminino, excluindo aquelas que não são naturalmente mulheres. Entretanto, não se deve olhar para isso como uma forma de preconceito, pois essa exclusão justifica-se pelo fato detalhista de que o oito de março é dia da mulher, e não do homem que tenta transformar-se em uma. Evidentemente, pode-se estender às congratulações a eles-elas.
E temos, no Brasil, pelo menos, que comemorar, apesar de toda a violência sofrida pelas mulheres, o modo como as brasileiras têm se saído das situações mais decadentes e deprimentes para ocupar cargos importantes, na vida de toda a sociedade ou de uns poucos indivíduos. As estatísticas mostram quantas foram agredidas ou que sofreram algum tipo de violência, enquanto que no dia a dia podemos reverter esse quadro, bastando para isso, melhorar o conceito de mulher na cabeça de cada um e expandir o intelecto para o limite onde começa a civilidade.
O outra óptica, esse dia deve ser comemorado, não com as hipocrisias que estamos acostumados a fazer, dizer ou presentear, mas com uma verdadeira maneira de tratamento. Não conheço nenhum outro tipo de ser capaz de superar desafios, superando-se continuamente, e ainda ensinar os segredos do sucesso; que seja o guardião do segredo da vida; ou que possa deixar-se ser contrariada para contrariar o contrariante!
Também não sejamos dissimulados: existem mulheres feias, belíssimas, mais-ou-menos, horrorosas, ruins, chatas, malamadas - como exstem como homens com os mesmo atributos -, no entanto todas são lindas para seus companheiros, afinal cada um tem seu par ideal!
À  parte o machismo e as piadas sem noção de ridículo, temos sim que colocar o dia de hoje no calendário e pedir feriado!
Às mães, às prostitutas, às namoradas, às irmãs, às professoras, às vizinhas, às forrozeiras, às pagodeiras, às funkeiras, à todas: Um feliz Dia Internacional da Mulher!

Não poderia deixar de colocar a Química Orgânica, de Vinícius de Moraes, extraído do Livro Pra Viver Um grande Amor, Rio de Janeiro . Editora do Autor .1962:

Química orgânica


Há mulheres altas e mulheres baixas; mulheres bonitas e mulheres feias; mulheres gordas e mulheres magras; mulheres caseiras e mulheres rueiras; mulheres fecundas e mulheres estéreis; mulheres primíparas e mulheres multíparas; mulheres extrovertidas e mulheres inconsúteis; mulheres homófagas e mulheres inapetentes; mulheres suaves e mulheres wagnerianas; mulheres simples e mulheres fatais; - mulheres de toda sorte e toda sorte de mulheres no nosso mundo de homens. Mas, do que pouca gente sabe é que há duas categorias antagônicas de mulheres cujo conhecimento é da maior utilidade, de vez que pode ser determinante na relação desses dois sexos que eu, num dia feliz, chamei de "inimigos inseparáveis". São as mulheres "ácidas" e as mulheres "básicas", qualificação esta tirada à designação coletiva de compostos químicos que, no primeiro caso, são hidrogenados, de sabor azedo; e no segundo, resultam da união dos óxidos com a água e devolvem à tintura do tornassol, previamente avermelhada pelos ácidos, sua primitiva cor azul.
Darei exemplos para evitar que os ínscios e levianos, ao se deixarem levar pela mania de classificar, que às vezes resulta de uma teoria paracientífica, cometam injustiças irreparáveis. Pois a verdade é que mulheres que podem parecer em princípio "ácidas", como as louras (conf. com a expressão corrente: "branca azeda", etc.), podem apresentar tipos da maior basicidade. Não é possível haver mulher mais "básica" que Marylin Monroe, por exemplo; enquanto que Grace Kelly, que muita gente pode tomar por "básica", é a mulher mais cítrica dos dias que correm. Podia-se fazer com Grace Kelly a maior limonada de todos os tempos, e nem todo o açúcar de Cuba seria capaz de adoçá-la.

De um modo geral, a mulher "ácida" é sempre bela, surpreendente mesmo de beleza. É como se a Natureza, em sua eterna sabedoria, procurasse corrigir essa hidrogenação excessiva com predicados que a façam perdoar, senão esquecer pelos homens. Porque uma coisa eu vos digo: é preciso muito conhecimento de química orgânica para poder distinguir uma "básica" ou uma "ácida" pela cara. A mulher "ácida" tem uma consciência intuitiva da sua química, e não é incomum vê-la querer passar por "básica" graças ao uso de maquilagem apropriada e outros disfarces próprios à categoria inimiga.
Como um homem prevenido vale por dois, dou aqui, por alto, noções geográficas e fisiológicas dos dois tipos, de modo que não chupe tamarindo aquele que gosta de manga, e vice-versa. A vol d'oiseau se pode dizer que as regiões escandinavas, certas regiões balcânicas e a América do Norte são infestadas de mulheres "ácidas", no caso da América, sobretudo o Sul e Middlewest, onde há predominância do tipo one hundred per cent American. Ingrid Bergman é uma "ácida escandinava" típica e é preciso ir procurar uma Greta Garbo para achar a famosa exceção comum a toda a regra. As Ilhas Britânicas em si não são "ácidas"; mas há que ter cuidado com certas regiões da Escócia e da Irlanda, onde o limão come solto. Na França, com exceção de Paris e Île-de-France, e naturalmente da Côte d'Azur, reina uma certa acidez, sobretudo na Bretanha, Alsácia e Normandia. A Itália é "básica", tirante, talvez, o Veneto e a Sicília. Os Países Baixos são o que há de mais "ácido", Flandres ainda mais que a região fiamenga. A Alemanha é à base do araque. Há, aí, que ir mais pelo padrão psicofisiológico que pelo geográfico.
Desconfie-se, em princípio, de mulheres com muita sarda ou tache-de-rousseur. Há exceções, é claro; mas vejam só Betty Davis,  que é de dar dor na dentina. É bom também andar um pouco precavido com mulheres, louras ou morenas, levemente dentuças. Acidez quase certa.
Felizmente, a grande maioria é constituída de "básicas", para bem de todos e felicidade geral da nação. Sobretudo no Brasil, felizmente liberto, desde alguns meses, da sua "ácida número um" - aliás de outras plagas, diga-se, o peito inchado do mais justo orgulho nacional.

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