Dia da Mulher!

E temos, no Brasil, pelo menos, que comemorar, apesar de toda a violência sofrida pelas mulheres, o modo como as brasileiras têm se saído das situações mais decadentes e deprimentes para ocupar cargos importantes, na vida de toda a sociedade ou de uns poucos indivíduos. As estatísticas mostram quantas foram agredidas ou que sofreram algum tipo de violência, enquanto que no dia a dia podemos reverter esse quadro, bastando para isso, melhorar o conceito de mulher na cabeça de cada um e expandir o intelecto para o limite onde começa a civilidade.
O outra óptica, esse dia deve ser comemorado, não com as hipocrisias que estamos acostumados a fazer, dizer ou presentear, mas com uma verdadeira maneira de tratamento. Não conheço nenhum outro tipo de ser capaz de superar desafios, superando-se continuamente, e ainda ensinar os segredos do sucesso; que seja o guardião do segredo da vida; ou que possa deixar-se ser contrariada para contrariar o contrariante!
Também não sejamos dissimulados: existem mulheres feias, belíssimas, mais-ou-menos, horrorosas, ruins, chatas, malamadas - como exstem como homens com os mesmo atributos -, no entanto todas são lindas para seus companheiros, afinal cada um tem seu par ideal!
À parte o machismo e as piadas sem noção de ridículo, temos sim que colocar o dia de hoje no calendário e pedir feriado!
Às mães, às prostitutas, às namoradas, às irmãs, às professoras, às vizinhas, às forrozeiras, às pagodeiras, às funkeiras, à todas: Um feliz Dia Internacional da Mulher!
Não poderia deixar de colocar a Química Orgânica, de Vinícius de Moraes, extraído do Livro Pra Viver Um grande Amor, Rio
de Janeiro . Editora do Autor .1962:
Química orgânica
Há mulheres altas e mulheres baixas;
mulheres bonitas e mulheres feias; mulheres gordas e mulheres magras; mulheres
caseiras e mulheres rueiras; mulheres fecundas e mulheres estéreis; mulheres
primíparas e mulheres multíparas; mulheres extrovertidas e mulheres
inconsúteis; mulheres homófagas e mulheres inapetentes; mulheres suaves e
mulheres wagnerianas; mulheres simples e mulheres fatais; - mulheres de toda
sorte e toda sorte de mulheres no nosso mundo de homens. Mas, do que pouca gente
sabe é que há duas categorias antagônicas de mulheres cujo conhecimento é da
maior utilidade, de vez que pode ser determinante na relação desses dois sexos
que eu, num dia feliz, chamei de "inimigos inseparáveis". São as
mulheres "ácidas" e as mulheres "básicas", qualificação
esta tirada à designação coletiva de compostos químicos que, no primeiro caso,
são hidrogenados, de sabor azedo; e no segundo, resultam da união dos óxidos
com a água e devolvem à tintura do tornassol, previamente avermelhada pelos ácidos,
sua primitiva cor azul.
Darei exemplos para evitar que os
ínscios e levianos, ao se deixarem levar pela mania de classificar, que às
vezes resulta de uma teoria paracientífica, cometam injustiças irreparáveis.
Pois a verdade é que mulheres que podem parecer em princípio
"ácidas", como as louras (conf. com a expressão corrente:
"branca azeda", etc.), podem apresentar tipos da maior basicidade.
Não é possível haver mulher mais "básica" que Marylin Monroe, por
exemplo; enquanto que Grace Kelly, que muita gente pode tomar por
"básica", é a mulher mais cítrica dos dias que correm. Podia-se fazer
com Grace Kelly a maior limonada de todos os tempos, e nem todo o açúcar de
Cuba seria capaz de adoçá-la.
De um modo geral, a mulher
"ácida" é sempre bela, surpreendente mesmo de beleza. É como se a
Natureza, em sua eterna sabedoria, procurasse corrigir essa hidrogenação
excessiva com predicados que a façam perdoar, senão esquecer pelos homens.
Porque uma coisa eu vos digo: é preciso muito conhecimento de química orgânica
para poder distinguir uma "básica" ou uma "ácida" pela
cara. A mulher "ácida" tem uma consciência intuitiva da sua química,
e não é incomum vê-la querer passar por "básica" graças ao uso de
maquilagem apropriada e outros disfarces próprios à categoria inimiga.
Como um homem prevenido vale por dois, dou aqui, por alto, noções geográficas e
fisiológicas dos dois tipos, de modo que não chupe tamarindo aquele que gosta
de manga, e vice-versa. A vol d'oiseau se pode dizer que as regiões
escandinavas, certas regiões balcânicas e a América do Norte são infestadas de
mulheres "ácidas", no caso da América, sobretudo o Sul e Middlewest,
onde há predominância do tipo one hundred per cent American. Ingrid Bergman é
uma "ácida escandinava" típica e é preciso ir procurar uma Greta
Garbo para achar a famosa exceção comum a toda a regra. As Ilhas Britânicas em
si não são "ácidas"; mas há que ter cuidado com certas regiões da
Escócia e da Irlanda, onde o limão come solto. Na França, com exceção de Paris
e Île-de-France, e naturalmente da Côte d'Azur, reina uma certa acidez,
sobretudo na Bretanha, Alsácia e Normandia. A Itália é "básica",
tirante, talvez, o Veneto e a Sicília. Os Países Baixos são o que há de mais
"ácido", Flandres ainda mais que a região fiamenga. A Alemanha é à
base do araque. Há, aí, que ir mais pelo padrão psicofisiológico que pelo
geográfico.
Desconfie-se, em princípio, de mulheres com muita sarda ou tache-de-rousseur.
Há exceções, é claro; mas vejam só Betty Davis,
que é de dar dor na dentina. É bom também andar um pouco precavido com
mulheres, louras ou morenas, levemente dentuças. Acidez quase certa.
Felizmente, a grande maioria é
constituída de "básicas", para bem de todos e felicidade geral da
nação. Sobretudo no Brasil, felizmente liberto, desde alguns meses, da sua
"ácida número um" - aliás de outras plagas, diga-se, o peito inchado
do mais justo orgulho nacional.
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