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Natal seco e plástico

Enquanto os telejornais convencem-me sobre a divina direção tomada pelo governo Temer sobre as medidas econômicas, a água retornou aos baldes através dos canos e de uma fina garoa durante a madrugada. O cheiro de cola e a cor escura da água acaba tornando interessante o simples e trabalhoso serviço semanal de guardar água em tudo o que é balde, panela e reservatório. É claro que a economia do país é importante, que a final do Master Chef Profissionais é interessante e que a preocupação com a indumentária para o fim de ano são importantes, cada um com seu grau de significância, mas no mundo prático, onde todos precisamos tomar banho, comer e tomar água tudo o que não é relacionado à qualidade da água e o abastecimento é mero problema secundário. Em uma cidade localizada no novo epicentro da seca e que não apresenta nenhuma oportunidade de crescimento para os cidadãos e para as comunidades, falar em decoração natalina ou festas de réveillon não passa de mero exercício de futilidade. ...

A seca do carcará

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Foto: Palmeira dos Índios- AL. Dez/2016. Rafael Rodrigo Marajá Caminhar pelo interior na primavera chega a ser irônico. E, quase sempre, dá para fazer referência ao escritor Graciliano Ramos e o seu Vidas Secas, principalmente quando a região do passeio é Palmeira dos Índios. É um calor sem medidas, é uma vegetação seca que arranha as canelas e uma poeira sem limites. Caminhando por aí é provável que se encontre uma revoada de urubus ou outras aves de rapina esperando a próxima morte ou o próximo cadáver jogado à beira das estradas de terra batida. Essas aves são verdadeiros presentes para quem vai caminhando sob o sol escaldante de fim da primavera, rasgando as canelas e engolindo a poeira nossa de cada dia.  Quando abrem suas asas  e alçam voos vorazes sobre os transeuntes pode-se, até, lembrar da saga de Fabiano pelo sertão brabo de Palmeira dos Índios de outrora. E agora que a água está definitivamente acabando e o verão se aproximando é capaz de ter mais carni...

Uma seca dramática

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Foto: Palmeira dos Índios - AL, DEZ/2016. Rafael Rodrigo Marajá Longe do litoral, no interior não muito distante, Alagoas mostra-se seca e problemática. A água é um recurso optativo para as gestões de alguns municípios enquanto que para outros é fundamental. Em Arapiraca, embora imperfeita, incentiva o uso de recursos em obras de transposição e realocação da água. Em Palmeira dos Índios, a poucos quilômetros da terra de Manoel André, as gestões lança mão da sorte para  não deixar a população morrendo de sede, em plena primavera. A CASAL, responsável pelo abastecimento de água no estado, não só já informou do colapso do sistema hídrico que abastece Palmeira dos Índios, e mais de uma dúzia de municípios, como já deixou de utilizar a barragem da carangueja. O município agora conta apenas com um único reservatório, que antes abastecia 30% da cidade. A população, "precavida" como sempre, já entra em leve desespero ante a inevitável falta de água crônica que deixou de ser...

Não nos importa a seca do sudeste

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Foto: blog do manxxxa A seca nos estados do sudeste é um problema deles. O nordeste aprendeu a conviver muito bem com as dificuldades provocadas pela seca, desde que o Brasil é Brasil. Pode parecer insensibilidade, mas é somente o reflexo de quem só tem água durante 3 ou 4 dias por semana e que mesmo assim não faz alarde de uma pretensa desgraça. E quando a água não chega nesses 3 ou 4 dias, sem desespero, espera para o próximo chiado da torneira. O que preocupa o nordestino não é a água - é o aumento na conta de energia, a alta das taxas sobre produtos, a corrupção, a violência. Além disso, é o carnaval e suas atrações, os blocos carnavalescos, a poesia, a arte, as praias, os animais assassinados por vizinhos desprezíveis  - como foi no NEAFA. Tudo isso ocupa nossa cabeça.  A água? Não nos falem de água, que esse é um tema em que nos doutoramos e já faz tempo que deixou de ser "pauta grave" 

Nosso Sertão, nosso Litoral, nosso povo!

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Que falta faz nossos escritores! Que falta faz nossos cantores! A grandiosidade da literatura brasileira é tamanha, que o possível não é capaz de suportar as maravilhas, traduzidas em palavras, de nossos mestres. A Bahia de Jorge Amado e suas  magníficas histórias envolventes em cada vírgula, cada ponto do Pelourinho e do Tabuão, da Baixa da égua e da Baixa Sapateiros, de Tabocas e do Mata Gato. Os gostos, o suor e o Cacau, o Carnaval e a religião, tudo é explicitado com o mesmo sentido e intensidade que no ato realizado, em dias passados. O sertão de Guimarães Rosa, latente, vivo, ocupante do espaço físico e cultural capazes de sobrepujar os limites fronteiriços do Goiás, das Minas Gerais, do Brasil. O diabo e Deus nos caminhos incertos de personagens destemidos, mas medrosos e dispostos. De Jorge a Guimarães encontramos Diandorins, Jucundinas, Miguilins, Manuelzões, Jagunços, Dinheiro e Morte.  Luta após a morte, duelos antes da ida definitiva, mulheres mil e c...