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A fanática

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Fotografia: Fim de tarde em Palmeira dos Índios. Rafael Rodrigo Marajá. 2017 Rasgando a roupa, o rosto; destruindo as unhas no piso e arrastando-se pelo chão, a mulher gritava desvairadamente por causa do fogo do inferno que se originava em sua cabeça, escorria pelo nariz e inundava o ambiente fechado. A vergonha já ia entrando pela porta da frente, olhando para todos os lados, degustando cada segundo. O fanatismo já estava espalhado pelos telhados das casas vizinhas quando a razão despontou em um flash. Com a faca na mão, preferindo um filho morto a ter que aceitar os fantasiosos erros que criou em sua mente fanática, os seus olhos esbugalhados finalmente vislumbraram a irrealidade de deus que aceita sacrifícios humanos à redenção que pode advir de uma mudança real- quando esta se faz necessário. A vizinhança, de ouvidos atentos, não ouviu mais os berros. Recomposta, com as unhas sangrando, ela recolheu-se à sua vergonha e ao seu quase ato ignominioso. A madrugada adentrou-s...

Um pouco de sangue

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A semana é dita santa. Mas onde está a santidade no homicídio? No assassinato? Nas desprezíveis mazelas da humanidade que mata e morre por uma fé que não se justifica? Adoramos adorar um corpo que jaz eternamente crucificado em algum ponto distante, no tempo e no espaço, enquanto esquecemos de viver adequadamente. Bebemos, figurativamente na falta de uma denotação almejada, o sangue de um homem que se tornou um deus e tentamos, a todo custo, profanar essa santidade através de recriações teatrais de um sofrimento necessário. São espetáculos a céu aberto que satirizam e divertem quando a intenção, por mais remota, deveria ser outra. Na tentativa de esquecer um pouco o derramamento de sangue de um homem que dizem ter existido e que ressuscitou após três dias, criamos coelhos que botam ovos de chocolate e cobramos preços exagerados por eles. Que negócio lucrativo! A morte e o sofrimento que justificam a “bondade” humana é a mesma que cria coelhos anormais. E encerramos co...