Postagens

Mostrando postagens com o rótulo devil

Esperando o Diabo na segunda

Imagem
Obra: Bear Killing Bull. Antoine-Louis Barye. MET. É segunda-feira e eu espero que o Diabo católico me carregue enquanto eu durmo para poder olhar, seja lá de onde for, e poder dizer que acordei morto.  Espero que o Diabo me carregue atravessando a rodovia, com todo mundo vendo, em um espetáculo instagramável para que a passagem entre para os anais do imaginário popular por 5 minutos, enquanto o corpo arde no asfalto quente. Espero que o Diabo me leve enquanto aguardo para almoçar - por choque elétrico, surto de algum coleguinha desesperado, a queda do teto... Espero que, antes desse dia acabar, o Diabo me carregue e assim chegue a minha passagem para outro plano e depois para outro e para outro depois do próximo.  Espero mesmo sabendo que o Diabo não existe.

O Mal

O mal, figura abstrata que dizem devorar a tudo e a todos, parece servir aos desejos de duas ou três pessoas em cada lugar onde quer que exista gente "feliz".  O mal que quer destruir a vizinha, o colega de trabalho, o pastor, o coroinha, um empreendimento, uma carreira. O mal encoleirado e que existe à mercê da humanidade está preso e faminto em cada habitação.  O mal, personificação do inimigo. Porém, qual inimigo? Inimigo de quem? O mal, generalista e onipresente, são os outros e nós mesmos; é a nossa vontade invejosa, o nosso mal disfarçado preconceito, nosso sexo amedrontado, nossas armas religiosas e nossa pouca profundidade.  O mal é a vergonha de si e a não aceitação dos caminhos e escolhas alheias. O mal, o mal mesmo, existe porque o bem existe e toda dualidade exige, por definição, dois lados antagônicos. O meu mal está aqui, babando, esperando para brigar com o seu.