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Incapazes desprezíveis

Alguns exemplares da espécie humana são desprezíveis não por sua condição social, por seu acesso à educação ou por seu comportamento público. São desprezíveis por sua incapacidade de compreender o mundo que os cerca e de interagir com ele de modo que não gere discordância entre o “certo”, não o politicamente correto, e o que realmente ocorre. São desprovidos de toda a capacidade de querer fazer e isso, aos olhos de alguém mais sensato, pode parecer bárbaro em determinadas situações. Entretanto, pessoas desprezíveis não merecem o apreço de uma crítica, uma reclamação superficial qualquer; são merecedores, portanto, de um profundo silêncio – mais esclarecedor que muitas palavras articuladas.

Desprezo em arquivo

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Então a noite entra pelo relógio adentro e o calendário muda a folha do dia. Algumas coisas aparecem e outras desaparecem. Outras, ainda, nem somem. Só crescem. Uma delas, sem esforço, é o desprezo. Uma indiferença tão grande que rompe a linha entre o ontem e o hoje, do amor e do ódio, do caso e do acaso. Um desprezo que emana de todos os poros e embebeda o ser desprezado. Faz esquecer que existe desprezo e liberta o corpo e a mente. O ser desprezado, inocente, não sabe o quanto mal corre respirando, ou se aproximando. Desprezo é arte. É estarrecedor. É docilmente cruel. É ridículo. É recompensador. Assim, entre os amores que a vida traz de presente, o desprezo que se cultiva no lado esquerdo do peito é a expressão mais clara da oposição insana que é a falta de amor próprio que os poetas chamam vulgarmente de paixão, ou mais feio ainda de amor. Os números digitais do relógio evidencia a frieza guardada, o ócio do ódio, a raiva fermentada e destilada em uma mente que dorm...