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Filho do Fogo e do Trovão

Eu sou o fogo que incendeia a lenha seca  Que provoca a fumaça  Que ilumina Eu sou o fogo que obscurece as luzes ao redor Amedronta Encanta Aquece Eu sou o raio que toca o chão  E transmuta em labareda E arde Eu sou da realeza do fogo Cordas que ecoam o brado Dele Metal e madeira do Machado Eu sou o fogo Eu sou a ferramenta Eu sou o filho O Leão caminha ao meu lado E rugi à menor ameaça  E eu sinto sua força a cada manhã  O Rei brada na pedreira  E eu sou o eco da sua justiça  Na mina Na rua No Palácio  Eu sou o brilho que nunca cessa O fogo que nunca apaga A alteza descalça 

A dança celeste

De repente, no raiar do dia, cedo como em todo verão, o tempo vira e nuvens de chumbo bloqueiam a luz  do sol. Rajadas de frio avançam sobre os desavisados. E, não mais que de repente, o céu se ilumina e tambores celestes anunciam a Sua chegada. Trovões avisam. Raios iluminam. Xangô passa em revista à tropa. Iansã cavalga à frente, na batalha da vida. Os desavisados temem. Os fiéis saúdam. E o exército de Suas Majestades prossegue.  O céu e a terra, juntos, estremecem. A dança nunca acaba. Os filhos, atentos e cheios de amor, dormem em tranquila harmonia com seus pais manifestos. 

É a primavera chegando ao fim

Vídeo: Rafael Rodrigo Marajá Da janela podemos ver um mundo rotineiro, cronometrado, dividido entre achismos e vizinhos. E em uma realidade pandêmica, atribulada, ocupada, preocupada, nossa janela, por muitas horas do dia, são de apenas algumas polegadas.  De repente, sons celestes, tímidos, são ouvidos e a tensão aumenta. Para os fiéis, são os primeiros sinais que o Rei está passando.  A chuva cai. As janelas são fechadas. O povo corre. E então o verão mostra sua face durante a primavera. É o fim para ela. É o renascimento para ele.  É o espetáculo belo, gratuito, aleatório, perigoso e dominador.  Os filhos da tempestade não temem e os Orixás mostram, embora não precisem, a vida que flui, muda, transforma e é transformada.  Vídeo: Rafael Rodrigo Marajá

A beleza do Candomblé

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A beleza do candomblé está no relacionamento entre homens e Deuses e no fato de que estes nunca estão suficientemente longe para que não cuidem dos seus filhos. Uma religião que mostra que o respeito e a delicadeza podem estar de mãos dados com a força. Uma religião cuja história revela a história do povo brasileiro e que, por essa razão, é vítima de ataques e de preconceitos daqueles cuja raiz é negra e religiosamente candomblecista.  Tal sentimento do belo decorre da dança, da música, do respeito, da comida, da tradição, do idioma e da deferência entre os próprios Orixás e entre homens e Orixás.  Que o amor que Oxalá sente por seus pares e por seus filhos se estenda a todos aqueles que demonizam o que é diferente fazendo com que as barreiras que impedem o crescimento espiritual de todos nós sejam vencidas por esse amor. Que sejamos negros, na alma e na força do nosso axé.