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O preço do cretinismo

Quão horrível deve ser passar uma vida inteira buscando a aprovação alheia, submetendo-se a todo tipo de humilhação – aceitável do ponto de vista da aprovação social em determinados grupos – e chegar à velhice tendo se tornado um ser abjeto, conivente com todo tipo de ilícitos e iniquidades, presa às correntes que forjou durante todo o tempo em que buscou ser igual àqueles que não têm boa imagem. Nessa velhice, onde a solidão mostra a fatura do cretinismo, não adianta dizer que “não sabe”, que “foi enganada”, que “não fez nada”. É nessa velhice que os fantasmas dos inocentes aparecerão para cobrar justiça. É nessa velhice que o remorso corrói a esperança de uma pós-vida tranquila – sua própria consciência jamais permitirá o descanso eterno enquanto suas crueldades e suas omissões...

A caipora de São João

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Foto: Palmeira dos Índios - AL. Rafael Rodrigo Marajá Às seis da manhã de uma pós-farra junina, em que a fumaça dos restos de fogueira ainda podiam ser vistos na rua e alguns poucos já se dirigiam para os seus cultos matinais, a velha do outro lado da rua já estava de pé, desferindo impropérios contra o vizinho do fim da rua porque este teve a ideia esperada de reavivar a fogueira, reaproveitando a lenha não queimada e as brasas ainda incandescentes. Alheio ao burburinho, o homem assoprava, abanava e esperava a fogueira voltar à sua plena atividade, como tinha sido na noite anterior. Aos poucos a rua ia acordando. Aos poucos a vida ia seguindo. E a velha, galopantemente, seguia seus impropérios e sua ira indignada contra o vizinho. _Agora fica esse aí, fazendo fumaça uma hora dessa. A folia já acabou – tentava argumentar a caipora que incensa a casa de todos da rua ao fumar freneticamente na rua e nas portas alheias. _Mas ainda é São João. Até São Pedro é só fumaça. – ten...