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Dia desnecessário dos mortos

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Shadows in like. Alfred Stieglitz. O dia dos mortos é uma invenção de quem gosta de sofrer desnecessariamente e que, por maioria e sob a convenção de que devemos saudar a memória de outrem, acaba sendo uma chateação aos menos sensíveis com os nem-tão-santos-mortos. A mania de creditar aos mortos as características mais beatíficas que se possa imaginar torna os ossos enterrados, ou queimados, relíquias sagradas para que não conheceu pessoalmente a peste que outrora foi de carne e ossos. Uma mania feia e muito mentirosa - e olhe que mentir é pecado, se o que dizem for verdade. Os mortos podem, igual aos vivos, serem separadas, classificados e etiquetados de acordo com suas bondades e perversidades, sem cair no vórtice mentiroso de santidade inata aos desencarnados. A doce ilusão que em vida tudo foi um mar de rosas. Às vezes dois palavrões à beira do caixão é mais sincero que choros intermináveis. E aí a cultura continua: flores baratas e fedorentas sendo vendidas nas por...