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A tirania do calendário

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As datas não mentem. Elas são mudas, surdas, mas não cegas, não esquecidas, nãos insanas. A numerologia do calendário guarda a corrente vital que passa por nós e leva entes, ela, ele, nós, vós, aquilo, tudo. Leva o querer que não era pensando em outro momento. Leva. Apenas. Quantas dezenas, ou unidades, ficaram gravadas na mente e na insônia quando o resto apagou-se em meio àquelas explicações desnecessárias que queria, ou que inventou. Há de lembrar-se, você que pensa que voa, mas sequer tira os pés do chão, da realidade, da feiúra do mundo sem verdadeiras entregas? Não. Certamente ninguém se lembra de promessas que foram feitas em uma época em que o degelo das calotas não tinha tornado gélido esse coração que finge pulsar. E, evidentemente, não lembrará das desfatezes cometidas sem medidas, da brutalidade do silêncio imposto, da gratuidade com que comprou a indiferença, cujo caminho foi regado com as lágrimas que um dia jurou não fazer derramar. Não. É claro que não lembrará. ...