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Mostrando postagens com o rótulo Gabriela Santos

Pobretano I

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Ilustração de Gabriela Santos. Muita gente vive entre vielas e favelas. Uns olhando de suas Torres de Marfim, outros entre esgotos a céu aberto, mosquitos, fedores e pestilências diversas. Em comum ambos têm a incapacidade de ver a realidade como ela é, no nível exato de degradação e injustiça. À parte toda a política e mazelas sociais e econômicas do miserável, tem-se a peculiar situação em que da lama, literalmente, sai o estado da arte de se viver e, vez por outra, a comédia faz-se presente. Ontem mesmo limpei a casa e joguei, em duas grandes sacolas de lixo, materiais inorgânicos e que para mim não havia serventia. Como todo pobre, deixei para colocar o lixo na calçada à noite uma vez que sem orgânicos os gatos, cães e cavalos não iriam espalhar, como sempre, todo o conteúdo rua à fora. De repente, enquanto eu vagueava pela Internet ouvindo o Biquíni Cavadão, ouvi vozes, risos e gritos de crianças muito próximo. Saí à porta e me deparo com parte do meu lixo jogado n...

Não-tão-pequenos demônios

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Arte: Gabriela Santos.  Quando vemos aqueles casais muito bem apresentáveis em fotografias nas redes sociais pensamos nas mais variadas situações em que nos colocaríamos em situações semelhantes. Vemos sorrisos comprados e romances em declínio. Algumas vezes é possível encontrar pessoas felizes de verdade. Passado o instante de inveja, encontramo-nos na presença de nossos próprios pensamentos e nem sempre isso é algo danoso - até mesmo para os depressivos e ansiosos. Deveríamos, então, entra em contato com os nossos não-tão-pequenos demônios interiores para poder encontrar os momentos realizáveis de felicidade, tal qual vemos, muitas vezes, nas redes sociais.

Viés

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Arte de Gabriela Santos. À G.S. Tenho em mim a poesia do teu corpo em cheiros que não se desfazem com banhos ordinários. Tenho em meus olhos as luzes que resplandecem a cada manhã, nunca ordinárias ao teu lado. Eis que tenho verdades que não se desfazem em tuas mãos, mas que se constrangem diante do teu olhar. Tens, em tuas curvas, o fogo que consome as minhas horas E os efêmeros romances jamais poderão limitar o amor desmedido que emana dos poros, meus, e das lágrimas, tuas. Porque as tuas lágrimas regam o meu bosque E levam para o mar os sentimentos E trazem do mar os sentimentos das nossas vidas Porque na cachoeira do teu ser que me banho a cada manhã E seja dia ensolarado Seja dia nublado Tenho o que tu tens E tu tens o que eu sou.

Exu Tranca-Rua

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Foto: Igreja bairro Eucalipto. Por Gabriela Santos. 2019. À meia-noite o galo cantou, a gira rodou,  Ogum que mandou. Vem chegando Seu Tranca-Rua, resolvendo as pendengas dos seus protegidos, defendendo os inocentes dos males e das injustiças. Estabelecendo ora a paz, ora a confusão. Deu meia-noite vem lá o homem que tranca as ruas, os caminhos e as vidas. Vem lá o homem que destranca as ruas, os caminhos e as vidas. O sininho da Igrejinha toca. O galo canta. Seu Tranca-Rua entra na gira. Fica quem é de Santo. De cara limpa. Coração sincero. O galo canta na porta da igrejinha. Seu Tranca-Ruas chega. Já é hora. Deu meia-noite vem lá Exu. E o sino da igrejinha chama para a gira. É a hora do conselho. Do acerto. Do pedido. Da festa.

As várias faces

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Ilustração: Gabriela Santos. Faces de Um Marajá, 2019. Libertos dos rótulos opressivos de uma sociedade que cambaleia entre a decadência e a aspiração de um mundo melhor, uma utopia, conseguiremos pincelar nossos pensamentos sobre os outros e sobre nós mesmos.   Um dia, sem as correntes de um pseudo politicamente correto,  conseguiremos falar boceta, cu e  rola sem a capa da vergonha que cobre os santos viventes e frequentadores de bares e igrejas e iremos admitir que gostamos de sexo, pensamos em sexo e vivemos graças ao ato animalesco do sexo. Essa ilustração,  de Gabriela Santos, nada mais é que um retrato (meu) na paz de um sono tranquilo de quem trepa como um bicho e vive, muitas vezes,  pior que os bichos. A ilustradora deixou clara sua intenção.  Que os "puritanos" purifiquem-se.