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Mostrando postagens com o rótulo América Latina

Os passos da Nova Ditadura (11)

A ditadura bolsonarista segue sua marcha maligna, não tão devagar quanto no início. A corrupção institucionalizada, que já existia em governos anteriores e que se tornou a marca de certas instituições de ensino básico, técnico e tecnológico do país, tornou-se ainda mais forte com o escancaramento da defesa dos filhos corruptos do presidente, entre tantos outros casos isolados. A justiça, já sem credibilidade com a população, agora ser a novos oligarcas desse novo milênio.  A educação, atacada por todos os lados, esta indo pelo caminho sem volta da completa ignorância idolatrada por Jair Bolsonaro. Os livros didáticos, segundo o capitão-presidente, têm texto demais, ideias demais, conhecimento demais. E ele já começou sua marcha para destruir a educação básica diante de uma classe docente ineficiente e apalermada, acovardada diante dos latidos republicanos. A classe trabalhadora vê-se cada vez mais sem direitos e sem mecanismos de proteção, que pode ser facilmente ilustrado ...

El Rey de la Habana

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Cru, agressivo, real. El Rey de la Habana não é para espíritos sensíveis que se alheiam à realidade e que buscam na agressividade injustificável do preconceito os motivos para não viver. Muito mais ousado que as produções brasileiras Cidade de Deus, Ó Paí Ó, Cidade Baixa e Bonitinha, mas ordinária, El Rey de la Habana escancara o abandono da América Latina, tantas vezes denunciado pelo nobel Gabriel García Márquez.  Não se pode dizer que seja uma produção pornográfica porque sequer chega perto dessa definição. É, antes de tudo, um retrato da periferia latino-americana que não pode fazer nada além de sobreviver à margem daquilo que o capitalismo e as crenças religiosas ditam como aceitável. É animalesco no sentido mais humano da acepção; é intenso; é triste. Com exemplos cabais de que o sexo não sustenta nem relações sociais nem amorosas, demonstra, de forma direta e sem medo, que a vida, sob a maquiagem habitual da civilidade, é somente parte de um medo muito maior que o de...

A falta de princípios

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Pintura: Mountain Forms, Hoosac Mountains, Massachusetts. John Marin. 1918. "Joseph Smith tinha princípios elevados, era virtuoso, honrado, cavalheiro e cristão, mas os princípios que ensinou atacavam a raíz dos sistemas corruptos dos homens e, necessariamente iam de encontro a suas atividades, preconceitos e interesses." John Taylor, Profeta, Vidente, Revelador e Presidente de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos dias Na primeira metade do século XIX um homem brilhou como um astro incandescente ao lutar contra a corrupção humana. Ele [Joseph Smith] não empunhou armas contra outros homens e, mesmo assim, por defender a verdade e a retidão moral, ética e espiritual foi assassinado. E em mais de duzentos anos os mesmos princípios ensinados e defendidos com o próprio sangue por esse homem, com baixa instrução, continuam provando que são verdades eternas. A corrupção na política da América Latina e Caribe escraviza os latinoamericanos a sobreviver...

Crise Moral

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The Circus (Jazz). Henri Matisse. 1943 Desde o populismo varguista o Brasil aceitou, como muita resiliência, a crise moral que se instalou nas instituições republicanas. No período ditatorial a crise foi suprimida pela necessidade de liberdade, a mais buscada era a de expressão, e pela natural justificativa  do sistema de governo instalado nos grandes centros urbanos. O problema das saídas tangentes para a repressão da ditadura foi a exclusão dos pobres das estatísticas de saúde, educação e desenvolvimento humano. Durante muito tempo os pobres e miseráveis eram apenas a escória de uma sociedade que não sustentava os próprios medos e limitações. Quando o país deixou a Ditadura para trás e iniciou seu processo de redemocratização a mídia que sobreviveu ao regime autoritário seguiu seu rumo, não sem continuar a manipulação das massas, e assim a primeira eleição presidencial, na aurora da década de 1990, foi eivada dos vírus manipulativos desenvolvidos na Ditadura. Enquanto o...

Mandingas e impropérios para o Aedes

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Ilustração: As dez pragas do Egito. redecruz.com A zona da mata de Alagoas já começou a apresentar sinais de histeria, como em outras regiões do país, provocada em parte pelo surto do vírus zika e chikungunya e em parte ela mania de mistificar as epidemias. Lá em Branca de Atalaia a população, em procissão, lotou um terreiro de religião afro-brasileira como meio de livrar a localidade das doenças. O resultado foi que o pai de santo acabou na emergência mais próxima atacado pela febre. Os crentes mais ferrenhos acreditam que a epidemia é resultado dos pecados do povo e que o surto se assemelha às pragas do Egito. Os romeiros de Padre Cícero, na contramão dos evangélicos e dos umbandistas e candomblecistas, soltaram fogos e preces no pé da estátua do santo nordestino para alcançar a graça de deixar o Aedes Aegypti longe. A histeria lá está prestes a estourar. No entanto, para que não pense que é só no Brasil que isso acontece, nos EUA um pastor gravou um vídeo avisando aos...

A Comissão Chapeleira

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Em 1982, na Suécia, Gabriel García Márquez expôs a solidão das Américas Central e do Sul por meio de seu discurso na cerimônia de premiação do Nobel de Literatura. Tranformou em palavras e números séculos de exploração e um finitude de governos ditatoriais que fez sangrar o mar do caribe, as grandes altitudes chilenas e o clima muito mais ao sul do equador.  Mais de trinta anos se passaram e o fantasma da dor, da tortura e da luta por uma vida livre das opressões e das violências cometidas por ditadores ainda ronda as Américas, impedindo a discussão sobre vários aspectos de uma época sombria da história americana. Mais de trinta anos depois surge A Comissão Chapeleira .  O livro 2 de A Arma Escarlate explora com delicadeza a luta contra um regime ditatorial, o estupro, o massacre de crianças e adultos e a fragilidade dos Governos diante da loucura de uns poucos. Renata Ventura expõe de maneira clara, objetiva e sensível a tortura, física e emocional, sofrida pe...

Miraflores isolado

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Bandeira da Venezuela Em seu discurso, na Real Academia Sueca, por ocasião da premiação do Nobel de Literatura, Gabriel García Márquez salientou a solidão da América Latina e do Caribe e os séculos de exploração. Mais de trinta anos depois, a América Latina e o Caribe continuam sendo preteridos, relegados a último lugar da lista de preocupações internacionais de grandes nações, sejam europeias sejam americanas. E o melhor exemplo é a Venezuela, que luta contra uma suposta "guerra econômica", fezendo vítimas pelas gerações futuras, se considerarmos os efeitos da propagação do HIV e da gravidez adolescente. Do Palácio de Miraflores o Presidente Maduro tem desencadeado uma série de arbitrariedades que já deixou até a Alemanha em regime de atenção. Executivos foram, e ainda o são, presos e julgados; redes de distribuição de alimentos são expropriadas e o povo sofre com a escassez de produtos básicos. A tal "guerra econômica" justifica as arbitrariedades, tor...

O amor nos tempos do cólera

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O amor é cantado, proseado e versado nas mais diferentes línguas, expressando as mesmas emoções e aflições, sem nunca deixar de ser piegas e eterno. Eterno? Quantas pessoas conservam o amor apesar das mais esdrúxulas situações? Com quantos amores as vidas são feitas? Com quantas brigas e desentendimentos o amor acaba? O amor, em tempos de mundos virtuais, às vezes dura nada mais que uma centena de likes e uma dezena de álbuns perfeitamente elaborados para impressionar os outros, quase nunca a si e à pessoa amada. Muitas pessoas precisam que o “amor” seja reconhecido. Esse sentimento, no entanto, pode surgir nas urgências juvenis, suportar as distâncias, quebrar as barreiras sociais e físicas, ferir o tempo e chegar ao seu apogeu, ainda que em corpos velhos e encarquilhados pelas experiências, mais de cinquenta anos depois de sua origem. O Amor nos tempos do Cólera , de Gabriel García Márquez, é um relato de um sentimento amoroso que sobreviveu às intempéries, calou-se na publ...

Ninguém escreve ao coronel

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A solidão nem sempre acontece quando se está só, fisicamente. Pode acontecer em companhia, por longos e tormentosos anos, pode estar de mãos dadas com a fome ou a guerra, sob a chuva e em meio à lama ou sob o sol e o mormaço delirante. Ninguém escreve ao Coronel , do Nobel de literatura Gabriel García Márquez, é uma novela digna dos elogios que recebe. Um retrato do homem que lutou por seu país e acabou esquecido entre a burocracia e o “deixa para amanhã” do Governo, que militou por ideais políticos e acabou à margem da própria sociedade, um pai que ficou órfão de si e do filho. O Coronel é um homem que nada conseguiu da vida, a não ser a fome, uma carta durante quinze anos – que nunca chegou -, e uma esposa que nunca o abandonou apesar das adversidades. Esse foi o segundo livro de García Márquez e demorou três anos para ser publicado, recusado por editores, e que valeu a pena a luta do autor para levar ao mundo tão intensa obra. O realismo de Gabriel torna o livro uma expressão ...

O Templo de Salomão...ops, do Edir

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Foto: profetico.com A Igreja Universal do Reino de Deus saiu na frente da Igreja Mundial do Poder de Deus na disputa por fiéis e suas contribuições ao construir o “Templo de Salomão”. Dizem, a mídia internacional e nacional, ser o Templo a maior construção religiosa do País. Pode ser e é bom lembrar o seguinte: não é o mais santo, nem o mais representativo só por que tem uma grande área construída. No Brasil, além de Aparecida, há outros templos com representatividade ainda mais evidente – os templos de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias – que são grandes, discretos, humildes em sua razão existência e que abrange desde as doze tribos de Israel até a vida após a morte. Aparecida e os templos SUD não buscam a riqueza nem os flashes da mídia. E isso já é um indício de sua natureza e objetivo. O “Templo do Edir” gerará lucro, e considerável, para a Igreja. E terá sua participação na vida de milhares de fiéis que acreditam na santidade do lugar – e sob ...