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El Rey de la Habana

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Cru, agressivo, real. El Rey de la Habana não é para espíritos sensíveis que se alheiam à realidade e que buscam na agressividade injustificável do preconceito os motivos para não viver. Muito mais ousado que as produções brasileiras Cidade de Deus, Ó Paí Ó, Cidade Baixa e Bonitinha, mas ordinária, El Rey de la Habana escancara o abandono da América Latina, tantas vezes denunciado pelo nobel Gabriel García Márquez.  Não se pode dizer que seja uma produção pornográfica porque sequer chega perto dessa definição. É, antes de tudo, um retrato da periferia latino-americana que não pode fazer nada além de sobreviver à margem daquilo que o capitalismo e as crenças religiosas ditam como aceitável. É animalesco no sentido mais humano da acepção; é intenso; é triste. Com exemplos cabais de que o sexo não sustenta nem relações sociais nem amorosas, demonstra, de forma direta e sem medo, que a vida, sob a maquiagem habitual da civilidade, é somente parte de um medo muito maior que o de...

A casa é sua, também

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Imagem: Clip de A Casa é sua, com Arnaldo Antunes. Em dias como hoje, quando a Tancredo Neves fica praticamente intransitável por algum problema de engenharia de tráfego, e os vizinhos do grande cortiço Eucaliptos (que ainda não se decidiram completamente se a escrita é eucaliptus ou eucaliptos) não conseguem escolher entre o brega e o rock, entre um final de semana em paz ou um regado à cachaça e discussões, o mais correto é abrir uma coca-cola, de preferência com um pote de sorvete, e ouvir o som do Arnaldo Antunes, em leve contraste com as demais melodias que reverberam pelos corredores de concreto formados pelos prédios do cortiço. Não há muito o que fazer. Talvez pensar na vida (miserável) ou nas inúmeras impossibilidades que se apresentam à janela; de repente ver o que os vizinhos andam aprontando em seus apartamentos, igual ao que ocorre em Ó paí Ó; ou, quem sabe, só beber e tentar ver o mundo sob a perspectiva expansível e filosófica de um bêbado sábio.  Seja lá q...