Trabalhador Brasileiro V
A voz forte de Maria Bethânia ecoa pela casa.
"(...)no balanço das ondas me ensinou a bater seu tambor, okê arô (...)"
E reflito sobre a trabalhadora da empresa de transporte coletivo de Aracaju, à espera do 001 - Augusto Franco/Bugio. Reflito sobre o poder que elas e os companheiros de trabalho dela têm sobre os empregadores, políticos e empresários; sobre o fato de os rodoviários serem tratados como criminosos quando reivindicaram o direito a ter um ticket alimentação, dignidade e boas condições de trabalho. Reflito sobre os critérios que a hipócrita Drogasil, logo ali na esquina, empurra goela a baixo, de clientes e funcionários, só para vender mais, lucrar e enriquecer acionistas alheios às necessidades dos trabalhadores que são assediados, perseguidos e humilhados por gerentes e supervisores fracos, moral e intelectualmente. Reflito sobre as pessoas que transitam em shoppings, comprando lixo. Reflito sobre o poder que reside nas mãos de cada brasileiro e de cada trabalhador.
Não é para os políticos usar o dinheiro público em hospital privado.
Não é para chefes e superiores ditarem o que pode ou não pode motivar ou desmotivar o trabalhador.
Não é para o Estado defender o patrimônio e o lucro de empresários.
É para o povo ser defendido, mesmo que este povo não mereça ou não queira merecer.
O trabalhador brasileiro precisa lembrar que veio do sangue do estupro de negras e índias; que sua força veio do negro escravizado, do índio molestado, do pobre catequizado durante séculos.
O trabalhador precisa assumir as rédeas da própria vida, alheio às manipulações políticas e midiáticas. Precisa ser lembrado que é sua força que enriquece corruptos bolsos e corrompe, por meio de uma cadeia bem estruturada, seus filhos e gerações.
Maria Bethânia me chama de volta à realidade, lembrando que
"(...) foi o céu que cobriu nas noites de frio minha solidão(...)"
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