O vizinho e a doutora

Foto: Cast of Giuliano of Médici by Michelangelo. Charles Sheeler. MET. 

O vizinho da esquina que só ouve músicas de baixa qualidade não é muito diferente da doutora que leciona em universidade pública - é a falta de refinamento que os aproxima. Um ouve o que lhe parece cult; a outra não possui firmeza de caráter para defender suas próprias ideias.
A humanidade é assim  - covarde em sua maioria e ridícula em pequenas ilhas de isolamento que cria sob a forma de humanoides deprimentes e serventuários do dinheiro.
Não há muito o que discorrer sobre quem não quer melhorar-se e seguir sendo parte de uma massa que alimenta mercados populares. Não há muito a ser feito contra essa cultura danosa que faz das periferias reduto de dinheiro e mau gosto. 
Não há muito o que fazer para melhorar doutores que pensam ser a cereja do bolo do conhecimento. Apenas lamentar que gente com tal status quo não tenha compreendido o próprio papel em nossa sociedade e na atual era do conhecimento rápido. 
O que se pode fazer é sentar, em um sábado à tarde, e ouvir o repertório batido do vizinho enquanto se elabora uma apresentação que, por mais que seja bem feita, está fadada ao fracasso de uma avaliação viciada de uma doutora sem interesse na própria profissão. 

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Reunião de faces

Maníaco do Parque: entre o personagem e o homem

Nada além do que virá