Registro
Às vezes fico imaginando o quanto somos efêmeros e errôneos ao julgar as nossas (e às de algumas pessoas) decisões. Outro dia estava olhando a nova aplicação do Facebook, que mostra tudo o que aconteceu em cada dia, e notei o quanto o tempo passa implacavelmente e em tão bom humor quando não estamos esperando nada de fantástico ou incrível em nossas vidas.
Imagem: Nineteen Studies of horses, hands and feet. Eugène Delacroix. |
Sempre defendi o poder do registro (escrito, fotográfico ou em desenhos) e fico, apesar disso, surpreso com essa aplicação apenas porque revela-nos como fomos infantis, levianos ou inocentes em situações tão simplórias. O Facebook refazendo o modo como registramos a história (nossas histórias particulares) nessa nova era digital.
E se por um lado somos relembrados de frases, fotos, notícias e sentimentos compartilhados, somos igualmente responsabilizados, daí em diante, a pegar leve com a exposição e com as justificativas - afinal, ninguém quer ver vergonhas próprias daqui a um, dois, cinco anos.
Somos história e, agora, somos curtidas, compartilhamentos e vídeos, somos carne e sangue, sexo e imagens que pulsam na infinitude de armazenamento da nuvem.
O registro e suas formas estão se tornando poderosos demais para serem meros recipientes. Estão ganhando vida própria e isso é motivo mais que suficiente para tomarmos cuidado com amores (ainda que passados), ódios e remorsos, planos e decepções.
Deus nos livre da publicidade de nossos pensamentos expressos nas redes sociais.
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