Fora da caixa
Imagem: Abstract Painting Couple People Kiss. |
Quando olho para trás, para todas as pessoas que fizeram diferença no mundo (ou na comunidade onde viviam) sempre vejo indivíduos que não se conformavam com o modo como as relações interpessoais eram realizadas ou como o homem interagia com os objetos, ou melhor, como o homem se sentia em relação ao que consumia e ao que produzia. Todas as pessoas que observei (e algumas observo ainda) são inquietadas com a possibilidade aterrorizante do comodismo.
Da ciência e tecnologia à linha de produção, da educação à saúde, da economia à religião, todos apresentam a qualidade de não querer fazer melhor, mas fazer diferente - mesmo que isso implique em ir contra a corrente e contra tudo o que é aceito. E quebrar paradigmas não é fácil; ninguém sai ileso.
No entanto, esses indivíduos apresentam algo mais que inquietação. Apresentam conhecimento nas mais diferentes áreas, com as mais variadas motivações para exercer a curiosidade. É a curiosidade e a quebra do vício "aprender o estritamente necessário" que fizeram dessas pessoas muito mais que ícones.
O problema é que curiosidade e "pensar fora da caixa", em uma sociedade talhada para o serviço braçal, sem o direito ao livre pensamento e à ociosidade necessária para imaginar, torna quase impossível a revolução na educação, na saúde, na economia. Torna quase impossível viver, literalmente.
Somos obrigados a buscar o padrão de vida dos ricos com a ideia fixa de que isso é impossível. Somos forçados a trabalhar para acumular móveis, carros, roupas, cartões de crédito. Somos induzidos a aceitar o medíocre porque o impossível e a imaginação são ridicularizados por serem "inalcançáveis". E de tantos nãos e trabalhos braçais acabamos nos tornando engrenagens que esperam envelhecer para serem substituídas e jogadas fora - com algumas raras exceções.
E assim criamos os filhos, os netos, os sobrinhos.
Assim a imaginação é cerceada e o que é possível é nada mais que exaustão e infelicidade.
Se parássemos um momento para analisar o que vale a pena e o que é opcional veríamos que o que chamamos de vida não passa da hora do descanso do trabalhador. E isso não é (e nunca será) o bastante.
Escolha consumir o que gosta e não o que é moda; escolha ser diferente quando a maioria busca a plasticidade das propagandas. Se quer ser fútil, seja! Se quer ser intelectual, leia, estude, aprenda! Se quer ser andarilho, largue tudo e vá! Se quer ser uma engrenagem, seja feliz!
Quando passamos a pensar fora da caixa e com liberdade para imaginar e criar impossibilidades tornamo-nos aptos a concretizar o que só existe em nossa cabeça. E quando fazemos isso, o que gostamos, passamos a fazer a diferença.
Tornamo-nos história. Fazemos a nossa própria história.
Comece de onde você está. Use o que você tiver. Faça o que você puder.
Arthur Ashe
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