Trago a pessoa amada...
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Foto: Terminal DIA, Aju. |
Se você estiver sofrendo por um amor ingrato, por falta de dinheiro ou por força de magia e tiver que passar pelo terminal DIA, em Aracaju, vai encontrar, como se fosse resposta aos seus sofrimentos, vários cartazes prometendo desde "trazer a pessoa amada o mais rápido possível" (abandonaram o prazo de três dias :O ) até "abertura de caminho" (fico imaginando o que Exu tem a dizer sobre isso - e não é nada bom).
São tantos cartazes e prometendo tanto que nem o teto do terminal ficou livre da sujeira, tão comum em um ambiente largado ao acaso e à boa vontade dos vândalos. O que é mais impressionante não é a existência de pessoas que faz do desespero alheio um negócio nem que existam crentes nesse tipo de promessas; o que me impressiona mesmo é que o pensamento coletivo popular, com a quantidade de dados e informações inerentes à conectividade dos smartphones, fomente esse tipo de prática, notadamente charlatã. E enquanto as igrejas evangélicas brigam entre si e juntas contra a diversidade sexual, essa prática cresce e avoluma-se como um monstro à espreita de algum desavisado.
Não é de hoje que se ouve casos de extorsão, má-fé e banditismo envolvendo essas "pessoas poderosas". E será que não aprendemos nada com isso?
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Foto: Terminal DIA, Aju. |
Trazer o amor de volta "o mais rápido possível", "abrir caminhos", "limpeza espiritual" e tantas promessas vazias questionam a capacidade social de cada um e de todos os indivíduos de discernir entre o que é real, ético e espiritualmente eficaz dentre uma finitude de atitudes estranhas e muito suspeitas, até mesmo para a natureza humana.
No entanto, como um opção extra para resolver problemas, poderá recorrer a esses métodos e o melhor é que o pagamento só é realizado depois de comprovado o resultado, no caso de trazer a pessoa amada de volta. A pergunta que não cala é: Será mesmo?
Poderia ser hilário. Mas não é nem um pouco.
O terminal DIA é a prova de que, por mais que avancemos nas ciências e na tecnologia, se não investirmos na desmistificação e no diálogo, muita gente ainda viver como se estivesse na idade média, procurando explicar fatos pela boca dos sacerdotes e torcendo para que algum deus não resolva lançar nenhuma desgraça sobre a humanidade.
Assim caminha a humanidade, como bem nos lembra Lulu Santos.
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