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Mostrando postagens de setembro, 2014

Estereótipo feminino

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Foto: LC E quando a mulher não gosta de poesia, de músicas com letras poéticas, ou com um quê de aprofundamento, e exige o carinho que só a brisa poética, musicada ou não pode oferecer? Eis aí uma questão básica que requer cuidado na medida certa e atenção redobrada, ou para dobrá-la ao gosto ficcional ou para que ela não perceba o floreio que a vida precisa ter.  Somos levados erroneamente a confiar nos estereótipos femininos de que mulher gosta de rosas, objetos cor de rosa, glitter, fofuras e pelúcias quando, e atente-se para não generalizar, nem sempre isso acontece. Existe uma parcela que, por alguma razão, não gosta de poesia, de muitas fofuras, e que, portanto, não se enquadra nem algumas dos estereótipos femininos. O problema, então, é do estereótipo, da mulher ou do homem? Na verdade, o problema é de todos, menos do estereótipo: classificamos atitudes para podermos alcançar dados objetivos e nessa classificação, na maioria das vezes generalizada demais, ...

Poucas sobre cálculo

O problema é que os cálculos são bons. Sempre existe um método, um caminho, um jeito de pensar e de imaginar os cálculos, mesmo que digam que nem tudo é como se imagina. E a graça que existe é exatamente essa: empregar um método para resolver o problema, o enunciado. Então, entre o que dizem que é uma engenharia e o que realmente é existe uma miríade de fatos, teoremas, círculos, ciclos, humanidades, projetos, leis, status, causos, professores ruins, bons. O problema é que as férias nem sempre são férias, nem sempre compreensão matemática significa boa engenharia, fundos podem ser rasos.

Nota sobre Marechal Deodoro

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Marechal Deodoro - AL Os alagoanos não conhecem as cidades alagoanas. E isso não é exclusividade desse povo. Em Sergipe acontece o mesmo. Cidades históricas não faltam à Terra dos Marechais. Piranhas, Palmeira dos Índios, Penedo e Marechal Deodoro são exemplos irrefutáveis, cada uma com suas características e suas particularidades. Ano passado conheci Marechal Deodoro, uma cidade pequena em que a noite é agradável ao som do vento provocador de ondas na lagoa e o dia é de um sol quentíssimo, tão característico das terras alagoanas. Marechal tem a Casa do Marechal, onde a memória de Deodoro da Fonseca é preservada. O mesmo Deodoro que, em 1889 proclamou a República e em 1891 fez aparecer, sob o olhar de Rui Barbosa, a segunda Constituição Brasileira, a primeira da República. Aliás, diga-se, prevendo que a Capital Federal seria no planalto central – desejo concretizado mais de 50 anos depois. Orla Lagunar, MD - AL O município tem uma orla lagunar calma e pacífica onde,...

Diálogo Anticoncepcional

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Pílula do dia seguinte. foto: caldeiraodopaulao.com.br Tarde quente, chata, sonolenta. - Me dá água. Preciso tomar meu remédio – ela diz. - Vá na geladeira e tome – retruco. - Não! Eu quero que você me dê! – implica. - Então você vai morrer – e vejo um pequeno comprimido em sua mão. Branco e revelador. Finjo-me de morto. Ela continua esperando. - Eu tenho que tomar meu remédio na hora certa! – eu sei que ela tem que tomar. Pílulas anticoncepcionais só têm efeito se tomadas diariamente e no mesmo horário. Penso. Não digo nada. - E eu com isso? – finjo-me de inocente. Algumas pessoas realmente acreditam que métodos contraceptivos são de conhecimento apenas do mundo feminino. Essas pessoas não fazem ideia que qualquer um pode não só conhece-los como ter opiniões formadas sobre todos eles. Tenho um sorriso interno de ridicularização da inteligência ao saber que é ingênua ao ponto de não notar meu ato lesivo à sua falsa mentira. Remédio é para quem está doente, n...

Um dia algum

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The Star. Milo Manara Quem não conhece alguém que foi viver novas experiências e que, por algum motivo, esqueceu de mandar mensagem avisando que não voltaria mais? Estava ouvindo Capital Inicial quando me dei conta que muitas pessoas entram em nosso circulo para, depois, ir-se, tal qual como chegou. O problema é que há pessoas que vão como se ficássemos esperando-as voltar, pacientemente sentados sobre o amor próprio. Talvez devêssemos parar de procurar o melhor em criaturas que não possuem um melhor, apenas um bom que é incapaz de suprir as necessidades mais básicas de uma convivência social. O mundo é grande, ou pequeno - depende do quanto viaja-, e não se pode esperar que todas as pessoas sejam diferentes, com pensamentos e atitudes globalizadas, pois há pessoas que simplesmente são incapazes de demonstrar suas incapacidades emocionais. Se alguém foi embora, sem avisos, sem motivos ou sem um "até logo" hipócrita o que resta é viver paralelamente a esse ...

Raio de luz

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Laboratório de Física, DFI - UFS Os cursos de exatas geralmente resumem-se em lápis, papel e calculadora, com algumas folhas de teoria – que ninguém é de ferro. E, de vez em quando, acontece dos números e das fórmulas gerarem imagens estranhas, lindas por natureza e que envolvem princípios que passam a ser conhecidos, não sem muito esforço. Em uma das aulas de Laboratório de Física, quando se estudava os fenômenos de interferência, logo de difração, segurei a luz do laser, moldei, fiz e refiz suas formas com a imaginação e com a ajuda de lentes e da parede. Vermelho sobre branco, no escuro e graduado. A luz é realmente algo incrível e que pode tornar tudo ainda mais interessante, mesmo que os fenômenos de interferência não sejam bem apreendidos. A luz, como o homem, é altiva. Que todas as aulas de laboratórios são legais, isso depende do gosto de cada. A realidade é que as exatas são melhores por não endeusar nada, apenas simplificar.

Capitães da Areia

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Ainda abandonam crianças, ou em Shoppings ou em lixões. Uma realidade que acompanha a humanidade desde sempre com o objetivo de: a) preservar a imagem de boa moça(o); b) assegurar a honra da família; c) garantir um futuro melhor para a criança. Acredite quem quiser. E quando várias crianças se juntam para formar uma família, um clã regido por leis próprias, é natural que o meio de sobrevivência seja o roubo e as pequenas subvenções próprias de quem está, ou foi jogado, no submundo da marginalidade. Em Capitães da Areia Jorge Amado descreve o diário de meninos e meninas que vivem sob a proteção dos orixás e o repúdio da sociedade. A obra é repleta daquilo que costumeiramente costumamos não ver: a iniciação e prática sexual entre os meninos de rua, as negrinhas derrubadas no areal, a doença que não escolha quem ou lugar para atacar, a fome, a insegurança, os anseios, a falta da mãe. Uma obra que busca no cais o estivador que lutou pela causa comunista e que, por isso, morreu. Va...

Falando em Dilma...

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Srª Dilma Rousseff Agora é fácil falar do Governo Dilma. Dilma Rousseff agora não governa bem, tem políticas ineficazes, representa a corrupção e os erros na língua portuguesa... O que o povo faz questão de esquecer, apoiado por discursos inflamados é: ·          O pobre, ajudado pelos programas assistenciais do Governo Dilma, passou a poder comprar roupas e comida – deixando de morrer de fome e de frio, literalmente; ·          Famílias inteiras puderam tirar seus filhos do trabalho infantil – os pais conscientes, ao menos; ·          Os estudantes passaram a poder ter experiência no exterior através de Programas como o Ciência sem Fronteiras; ·          O aprendizado de uma segunda língua passou a ser mais fácil com ações como o Inglês sem Fronteiras; ·          Açõ...

Sobre Política

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foto:  blogdelviejotopo.blogspot.com A corrida eleitoral começa a criar as disparidades entre o que o povo pensa e o que o povo deve pensar. É nessa época que se começa a correção dos discursos proferidos nos meios de comunicação; a análise dos sentidos ocultos das palavras desse ou daquele político; a jogar as cartas do tarô que pretendem adivinhar o futuro, que acaba no dia imediatamente posterior ao pleito. Na disputa pelo Palácio do Planalto podemos observar as críticas ao Governo Dilma, a aclamação ao Governo Aécio e Campos, em seus respectivos Estados. Tudo conversa para boi dormir para ganhar o voto alheio. A Política, vista do povo para o político, é complicada à medida que os “alfabetizados” tentam enganar os analfabetos ou desinformados. Vista do político para o povo, é simples: Dê-me seu voto e vamos ver depois, certo?! Daí justifica-se as razões para que tantas pessoas não gostarem de campanha eleitoral. Entre díspares ações e tortuosas palavras, teremos q...

Livros e animais

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Ler expande a mente: torna o indivíduo mais paciente; ensina o leitor a especular sem levantar suposições ofensivas – publicamente, ao menos; ensina histórias; faz-lhe abrir os olhos para coisas imperceptíveis; educa. Ler não pode ser um ato restrito, a um estilo de leitura, a um autor ou a uma maneira de ver o mundo. Ler exige que o leitor seja um policial, um criminoso, um terrorista, um bruxo, um peixe, um abade que pratica missa negra, um soldado, um combatente, um padre. Olafinho, o gato E, lendo, novos amigos aparecem, novos mundos são formados, compreensões são reveladas e curiosidades saciadas. Acredite ou não, quando se fala em curiosidade e companheirismo para praticar a leitura e viver em outro mundo, os animais são os seres que melhor podem entender. Lendo, olhares de olhos grandes sempre estão a se perguntar: o que é isso? O que é isso que faz com que seu gato, ou cachorro, olhe para você e acompanhe suas expressões, seus humores, seus suspiros ao fixar o olh...

Imbecilidade de um povo

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 A classe dominante pode dizer que venceu na luta contra o processo que poderia levar informação ao povo, classes inferiores. Esse povo, que a cada dois anos elege representantes municipais e estaduais ou federais, está habituado, seja lá por que força estranha, a reclamar e documentar nas redes sociais as mazelas que se proliferam nas cidades. De obras em construção eterna a fraudes comerciais, tudo acaba parando em algum site de relacionamento onde o que mais vale é um RT ou uma curtida. E se não há denúncia de fato, se não existe o concretismo necessário, os órgãos responsáveis pela investigação e apuração de tais fatos não podem ser acionados e mobilizados. O povo passou a acreditar que o poder reside meramente em um compartilhamento ou em alguma opinião de componentes do povo.  Nesse sentido, quando a política passa longe das redes sociais, a não ser para angariar votos ou promover um bom candidato, e quando o poder da Controladoria Geral da União - CGU - n...

A Morte e a Morte de Quincas Berro D’Água

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Uma vida inteira trabalhando no marasmo da Administração Pública, com uma mulher tagarela e uma filha de plástico, não foi capaz de satisfazer os anseios de Quincas. Convenhamos: o trabalho precisa ser ou gratificante ao ponto de tornar cada dia diferente e especial ou dispensável de modo a permitir que o indivíduo falte e viva intensamente; um casamento precisa ser o descanso e não o martírio de todas as noites e manhãs; e quando os filhos são ainda piores que o trabalho e o matrimônio, então não há muito o que salvar. Um dia, cansado do trabalho, da mulher e da filha – da vida -, Quincas entorna a boa cachaça e dá um berro, um berro d’água. Daí vem seu apelido. E a vida que mudou. De respeitável só restou o passado. Em Quincas Berro D’Água o leitor se deparará com o choro das prostitutas, dos bêbados, dos vagabundos; com a dedicação daqueles que nada tem além de si e do dia; com as aparências “inevitáveis” para um cidadão de bem e um morto digno. Jorge Amado coloca em linhas o...

A vileza do abandono

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Corredor do CCBS, UFS. Abandonar animais é feio, para não dizer altamente denunciador do caráter de quem realiza tão vil ato. Abandonam filhotes como se jogassem roupas velhas no lixo. O pior é que esse é mais um traço da humanidade que, passadas guerras mundiais, locais e virulentas, ainda não mudou, mesmo com toda a experiência humana. Na Universidade Federal de Sergipe, ali pelos lados dos prédios departamentais de Ciências Humanas - Letras, Psicologia, Filosofia e afins - existia vasilhas com ração e água e pequenos clãs de gatos e alguns cães. Alguém ainda olhava por eles. De repente, os animais foram sumindo. E a cada greve o número de viventes foram diminuindo e agora são bem menos, é o que parece. Talvez cansaram de boa ação. Agora, entre os corredores do CCBS e do CCET é possível ver filhotes jogados aos pés dos que passam. Uns são aparentemente saudáveis. Outros nem tanto.  Não acredito que em um Campus universitário relativamente grande como esse não exis...

Madame Satã

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José Francisco. Foto: Campo de Mandinga Hoje eu quero falar sobre a adaptação cinematográfica da vida de alguém que mudou os paradigmas da sociedade brasileira em um período em que o preconceito e a discriminação eram as vias que justificavam os "bons costumes" e a "dignidade" da família brasileira. O ícone da malandragem e da boemia nacional, principalmente carioca, embora tenha origem nordestina, é o famigerado José Francisco dos Santos, também conhecido como Madame Satã. Foto: Campo de Mandinga À época, representou tudo o que não se deve ser ou seguir. Hoje, se olharmos com calma para a trajetória de Madame Satã veremos o início da revolução de esterótipos, que ainda não muito bem aceitos, permeiam nossas comunidades. Santos era pernambucano, capoeirista exímio, homossexual, negro, boêmio. E, no entanto, ainda hoje relutamos em aceitar que um homossexual seja protetor de mulheres, ainda que recebendo por isso, lutador e folclórico. O filme q...

De novo, sorrindo ao novo

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Fellini's Women. Ilustração de Milo Manara O nascer de uma relação implica, em uma quantidade de vezes razoável, na partição de um nós por dois individualismos, que se reorganizam, se remodela, se refazem para atender às necessidades que já não são mais satisfeitas no modelo de relacionamento outrora adotado. São eus que se fazem tediosos, rabugentos, ciumentos, implacavelmente intratáveis no compartilhamento voluntário de uma parte da vida que comumente se confunde com uma eternidade dita e premeditada, do amanhecer ao anoitecer. Essa separação, nem sempre dolorosa nem sempre fácil, é o motivo de depressões, poemas, músicas e deboches públicos. Significa, ao mesmo tempo, sair de uma zona confortavelmente conhecida para o embriagante e lamacento terreno do novo e desconhecido. Uma separação que parte um nós por dois eus e que conserva, no íntimo, as experiências, os medos, os erros e os acertos de um tempo partilhado com alguém. E da mesma forma que se junta e separa-...

Área verde

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Quase todas as tardes, indo jantar, passo pela área verde da UFS e vejo muitas coisas que só uma mente vagante pode ver: casais se amassando entre árvores e bancos, pessoas fazendo vídeos na concha acústica, pessoas só sentadas pensando em alguma coisa estranha.  E, em meio a isso, não posso deixar de pensar, vez ou outra, que em parques com as mesmas características que a área verde foram palco de tragédias e psicopatas, como o maníaco do parque. Ao mesmo em que é agradável caminhar ou estar nesse lugar não é possível deixar de pensar que são lugares como esse, com pouca iluminação no fim de tarde e à noite, que fomentam, mundo afora, crimes e ocultações. É claro que se as árvores e bancos desse pequeno quadrado universitário falassem muitos segredos e atos públicos seriam ditos e causariam polêmica suficiente para um ou dois textos nas redes sociais ou o escândalo do Reitor (?). O fato é que não existe lugar melhor para passar, a qualquer hora, que essa interessante áre...

Amor de Capitu

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A obra de Machado de Assis foi reescrita, sem nenhuma pretensão além de contar a história – como bem enfatizou o reescritor-, e deixou-a ainda mais interessante. A exclusão do narrador tornou a história de Bentinho e Capitu imparcial, deixando ao leitor a possibilidade de tirar suas conclusões sem a emotividade do narrador. Amor de Capitu é a obra que possui a linguagem mais clara e moderna da obra machadiana e que se torna a prova cabal de que apenas poucas pessoas conseguem reeditar uma obra sem modificar seus sentidos mais subjetivos. Fernando Sabino, um escritor fantástico, é o realizador dessa proeza. Embora muita gente, inclusive os que não conhecem a obra de Sabino, busca em Dom Casmurro sentidos de entrelinhas, “olhares” descritos, sem ao menos procurarem na literatura nacional o que outros grandes fizeram sobre a obra. Sabino, em seu Amor de Capitu , deixa o leitor com ares de certezas, uma vez que retira o narrador e suas dramaticidades naturais, e a particular ...

Amamos em opressão

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Ilustração de Milo Manara Amamos demais, no começo, para ir amando de menos até que o menos é tão grande que o que resta é tão-somente a necessidade de a a ir amando de menos at fastar-se de quem outrora era amor, paz e ar. Amamos demais ou fingimos uma ilusão para não recorrer à realidade? Amamos demasiadamente para provar que a solidão não existe ou somos tão solitários que fabricamos uma ilusão de ótica? Histórias de amor não tem começo, apenas fim. E é assim que tudo acontece: não gravando o início, deturpando o meio e indo direto para o término, onde o que sobra são restos de uma conta que ninguém sabe como começou – apenas que existe. Chatas, tediosas, irritantes – as histórias de amores passados, desde os tempos mais remotos, são, na balança dos dias, as lembranças que mais atormentam quem não tem o que fazer e são as responsáveis pelas mais diferentes maneiras de dizer “o passado é uma grande M”. Amamos os outros, em histórias, para exteriorizar que não nos am...

Marina e Eduardo

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Antes da tragédia: Nas eleições de 2010, Marina Silva desafiou a ordem instituída pelos partidos e lançou-se à candidatura para Presidente dessa República Federada. E incomodou com os seus 19 milhões de votos, cuja eleição arrastou-se para o segundo turno. Era possível, à época, muitos se declararem "marineiros". Em 2014, a Rede Sustentabilidade não conseguiu, seja por artimanha de algum partido seja por deficiência da Rede, o registro a tempo. E agora Marina Silva está candidata a Vice-Presidente pelo PSB e à sombra de Eduardo Campos. Será que sai? Para ser franco acho muito pouco provável: Eduardo e Marina são duas personalidades que, ocupando o mesmo espaço, não deixam margem para a ação mútua, ou seja, dois nomes que possuem peso e credibilidade, em que ambos poderiam ocupar a cadeira de Presidente, não têm um desempenho aceitável para o molde de garonto(a) propaganda de propostas capazes de vencer uma corrida presidencial. Eduardo fez um bom governo em Pe...

Collor e seus votos perdidos

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Palácio República dos Palmares Quem circula pelo interior alagoano deve ter notado que, não que de repente e não sem motivo, Arapiraca e região tornou-se uma poluição visual inquientante produzida pelo então Senador Fernando Collor.  Outdoors de obras promovidas por ele e pelos seus levam o eleitor a acreditar que Collor é o novo "Pai dos Pobres" de Alagoas. Cuidado! Fernando podia muito bem passar essa imagem e ser reeleito sem problemas não fosse por alguns detalhes muito interessantes que têm acontecido na política alagoana em 2013 e 2014. Diferentemente de 2010, quando lançou sorrateiramente sua candidatura ao Palácio República dos Palmares, Collor simplesmente resolveu apoiar a candidatura de Renan Filho ao Governo alagoano, tendo como Vice-Governandor o ex-Prefeito de Arapiraca, Luciano Barbosa. E isso, por si só, faz Collor perder votos. Luciano Barbosa poderia, sozinho, ganhar os 200 mil votos arapiraquenses, os da região e mais alguns da Capital...

Mães virtuais, filhos de brinquedo?

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Foto: alertasaude.com  Frenquetemente, quando alguma conhecida engravida - por "acidente" ou de forma proposital -, vejo, nas redes sociais onde todos fazem questão de expor a vida e o útero, literalmente, mensagens de parabéns, felicidades e amenidades do tipo. E isso é compreensível se entendermos que nossa sociedade é composta por indivíduos que "pensam com os pés". Ninguém, no entanto, fala/escreve "força", "persevere", "tenha paciência", "olhe, não vai ser fácil!". Não! Esquecem-se de que filho não é brinquedo para passar o tempo entre um amor e outro e que tampouco é status para a mídia social dos círculos de amigos e fofocas. Filho, em um sentido bem geral, é somente o buraco negro que absorverá todo o tempo, dinheiro e atenção da mãe, e, às vezes, do pai. E isso, minhas caras futuras mães, não é pouca coisa. E por que esses indivíduos "pensam com os pés"? Ora, alguém, em juízo perfeito e com...

O ridículo das cartas

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Foto: falouepontofinal.com.br Cartas de amor são ridículas, escreveu Fernando Pessoa. Somos efêmeros o suficiente para mudar de lado na política, na opinião sobre dinheiro e ética, sobre as visões do mundo. Somos efêmeros para mudar de amor a cada estação, ou quando mudamos de cidade ou emprego, sob a justificativa aceitável de que a felicidade está sempre a um passo de distância. Conversas e justificativas que tornam aceitáveis atitudes que transformam pessoas em objetos e que, sem cerimônia, passamos a usar egoistamente sem o pré-julgamento da sociedade. Quantos “amores eternos” você não viu acabar do dia para a noite? Quantas paixões incríveis são formadas em show musical? Evidentemente, não podemos misturar a paixão com o amor, pois aquela tem a licença poética para começar e acabar ao bel-prazer; este não. O amor é um pouco mais preso por ser entendido como duradouro, entediante, promovedor de cartas ridículas, sem sentido e constrangedoras. O amor, endeusado, ...

A Hora da Estrela

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Beleza sempre foi fundamental até na literatura! Macabéa, em sua vida miserável, representa muito bem a dona de casa cuja vida resume-se em lavar, passar e ser a doméstica natural; o homem que percorre as ruas em trabalho ou vagabundagem e que é rechaçado pela boa classe social que está acima. É um personagem que carrega na beleza a feiúra de uma sociedade centrada na aparência, no dinheiro e na busca por um futuro de revista, que só pode ser alcançado na banca de jornal. A Hora da Estrela está na literatura nacional como um marco de uma sociedade rasgada pelo modismo do príncipe encantado, pela maneira pronta em que se deve viver e pela forma como se deve ser. Clarice Lispector coloca para o leitor a verdade crua de uma vida em que nem sempre a beleza e a feiúra são determinantes do caráter e dos anseios de alguém.  Os feios, como Macabéa, possuem seu quê de sentimentalismo e de busca pela felicidade; Os bonitos também podem ser infelizes. Essa é uma obra para ser refe...

O amor é a separação antecipada

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De tudo ao meu amor serei atento Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto Que mesmo em face do maior encanto De se encante mais meu pensamento. Quero vivê-lo em cada vão momento E em seu louvor hei de espalhar meu canto E rir meu riso e derramar meu pranto Ao seu pesar ou seu contentamento E assim, quando mais tarde me procure Quem sabe a morte, angústia de quem vive Quem sabe a solidão, fim de quem ama Eu possa me dizer do amor (que tive): Que não seja imortal, posto que é chama Mas que seja infinito enquanto dure. Soneto de Fidelidade Vinicius de Moraes, “Antologia Poética”. Cena do filme Quincas Berro D'Água. Quincas morto. Quem ousar aprender o Soneto de Fidelidade, de Vinicius de Moraes, deve, logo em seguida, aprender o Soneto da Separação, o complemento do amor, da fidelidade: a separação. O sol, estrelas, lua são capazes de descrever o amor que, em certas obras, para determinados momentos, para alguns olhos e corações, é ...

Da raiva

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Foto: estavapensando.com.br O problema da raiva não é exatamente as ações que dela se originam. O problema da raiva é quando ela fermenta, cresce, aprimora as sensações e esmaece. Nesse momento, quando todo o vocabulário já foi dito, quando os escombros ficam com pó sobre olhos, bocas e objetos é que a raiva é esquecida e surge o rancor, que também passará. No entanto, no fundo, a raiva não passa, não esquece. Apenas, adormecida, resiste ao tempo para, no momento certo, no instante exato, explodir com sutileza ou estardalhaço, depende da pessoa, para o indivíduo gerador de tal sentimento. A raiva é injustiçada pelos que dizem amantes. Coitada! Assim, quando a raiva não é problema significa apenas que ela recuou para um exílio alerta e vibrante para, um dia, voltar com mais e irrefutáveis argumentos.