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Eu sou luz

A argila verde vai secando sobre a pele dos meus olhos, revitalizando, limpando, cuidando de mim a despeito da inexistência de uma consciência argilosa. Meus olhos, carregados de sonhos nas pálpebras,  mal sustenta o olhar sob o assédio do cansaço.  Sorrio ao pensar que a noite mal dormida teve sonhos frutos da minha necessidade, do medo e da angústia. Eles passaram ao acordar. Tudo passa. Na manhã seguinte nada resta e a radiante luz da manhã emana de mim, passa por mim, volteia sobre mim. Eu sou a luz. E a sujeita que escorre pelo ralo da pia é a sujeira sem nome que me cansa na rua, nos aparelhos conectados, na obrigação de falar com desagradáveis pessoas. É noite e um seriado de TV marca o tempo.  Em poucas horas eu serei luz novamente. Luz.