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Da inanição de afeto

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Arte: Stole. first quarter 19th century. Met.   Não é que perdemos o jeito de dar, receber e cultivar afeto. Simplesmente não sabemos mais - se é que algum dia, de fato, tivemos a chance de estar em estado de afeto. Antes teve aquela época em que pessoas muito violentadas, física e/ou psicologicamente, criam em um pseudo afeto por meio das redes sociais. Depois, ou conjuntamente, passamos a publicar certas demonstrações de afeto. Agora, contaminados pela falsa ilusão promovida pelas redes sociais, estamos armados contra o que chamamos de afeto.  Ao menor sinal, sumimos. À menor gentileza ou cortesia, desafiamos a um sanguinário duelo quem ousa ser gentil ou cortês na vida real - não dá tempo para fotografar e postar.  O afeto tornou-se um dos demônios católicos que assedia sem provocação. E seguimos um caminho pedregoso e espinhento que a nada e a ninguém protege.  Estamos áridos, morrendo por dentro, sem sangramentos, sem feridas expostas, sem marcas visív...

"Amor" de etiqueta

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Obra: Fishing Boats, Collioure. André Derain. 1905. Metmuseum. Há quem compre o afeto - e depois o "amor" - com presentes e promessas. Conheço uma mulher que resolveu comprar o "amor de sua vida" através do empréstimo do carro, realizando as fantasias sexuais do amante e contribuindo para a formação acadêmica do rapaz, em uma relação quase incestuosa  - uma vez que o rapaz é dez anos mais jovem. O homem da relação, mesmo não tendo dinheiro e nenhum tipo de compromisso com ela, notadamente leva o relacionamento adiante por ser cômodo, nas circunstâncias em que está envolvido. Ela acredita estar sendo amada. As pessoas gostam de se iludir.  E é nessa história de ilusão que observo um outro casal que, depois de décadas vivendo no limite, porque tiveram uma origem semelhante ao casal descrito anteriormente, só podem existir como unidade graças à distância e à tolerância.  O "amor", como gostamos de classificar certos tipos de sentimentos que sustenta...

Incomodados

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Pessoas que não incomodam são incríveis! Imagine aquelas que acotovelam os outros nos ônibus, que produzem filas desnecessárias, que dificultam o acesso à informação (de qualquer tipo), que não faz o serviço (muitas vezes simples) que são de sua responsabilidade; que são pessimistas o suficiente para minar o moral de uma equipe. E não só essas, todas aquelas que gostam de gerar pequenos incômodos gratuitamente.  Pensou? Então, essas criaturas são as que tornam a burocracia ineficiente, produzem déficits e não levam o País a lugar algum e ainda se acham no direito de pedir/exigir algo dos incomodados. E não adianta dizer que "os incomodados que se mudem" - a coisa não funciona assim. Certa vez fiquei observando um indivíduo revestido do poder de incomodar. E sem muita dificuldade notei que, além de acreditar fortemente que detém a verdade, se achava o fiscal da ordem social. O resultado imediato foi a exclusão de pequenos círculos sociais até que foi completamente ne...