Vermes Coroados

Pintura: The Arm. Henri Matisse. 1938. Não temos honra. Ou se temos, não a empregamos devidamente. Por uma aberração social consideramos normal sermos, como diria meu amigo Newton, "filhos da puta" com os outros e conosco. Não é anormal estarmos entre víboras, aprendendo também a ser uma, e creditando ao outro toda a carga de ações antissociais. Achincalhamos a ética, pisamos sobre amizades, destruímos amores e pervertemos a ordem dos fatos, das falas e da vida apenas para que o sucesso seja nossa constante atemporal. E, se procedemos frequentemente assim, passamos a acreditar que o anormal é ser consciente dos próprios atos, direitos e deveres, e das respectivas consequências. Transformamo-nos, portanto, em agentes do nosso próprio desassossego. C.S. Lewis, em A abolição do homem, escreveu Caçoamos da honra e nos chocamos ao encontrar traidores entre nós. E parece-me que, quanto mais o indivíduo tenta restringir-se à sua própria significância, pedindo ...