Sono
A hora chega. Todos recolhem-se a seus segredos recolhidos entre paredes e um único móvel de verdadeira e imprescindível utilidade, que faz repousar sobre si o cansaço e os planos do posto. Porque nem todo rei posto é rei morto!
Rei que assume seu trono uma ou várias vezes, de uma só vez em muitos lugares de cabeças diferentes eque faz todos sonharem, ou não com o amanhã chegado: sono!
Estado sonífero decretado sempre quando necessário e nem sempre obedecido pela lei orgânica de cada máquina. Uma contrariedade imperdoável ao soberano noturno que implicará em pagamento de multa durante a governança do sol.
Em toda a extensão territorial de seu poderio são feitos de tudo, e nada- depende da(s) máquina(s). Mas sempre caem no mundo da obscuridade boa, descansável.
Há ainda os servos que trabalham durante o dia e folgam à noite: esses não são multados. Dispensados que pagam outro preço a outro soberano, o tempo.
E estamos parados, esticados sobre quase dois metros, largos ou estreitos, esperando chegar a poeira que nos fará apagar.
E se não chegar?
Então precisaremos dormir mais e mais até que, satisfeito, deixe-nos acordar para o mundo de realidades em que acostumamo-nos, abrindo os olhos para um futuro de imposto sonífero.
De imposto em imposto deterioramos.
Vamos acabando aos poucos até que reste apenas a última dormida: eterna!
Outra hora chegará. Todos espalhar-se-ão pelas ruas e esquinas, postos de trabalho e pontos de educação até que seja necessário pedir asilo àquele que nos espera pacientemente diariamente: o soberano dos segredos: o sono.
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