Postagens

La cena

Imagem
Passando pela encruzilhada que leva à Casa Museu Graciliano Ramos, vindo da praça do Skate, à noite, deparei-me com uma cena inusitada para a vida real e muito comum nas redes sociais.  Sentado no batente da loja da São Geraldo, um homem  comia um pedaço de carne, e não sei se era morador de rua, e olhando fixamente para ele tinha um cachorro branco, grande e forte, sentado e esperando seu pedaço de carne. Em uma primeira olhada acreditei, como é comum, que o homem estava ignorando o cachorro e que não daria nem o osso para o pobre animal que é, com dúvida, de rua. O homem comeu seu pedaço de carne e deu o restante para o cachorro, que pegou no ar a carne ossuda. Os dois, então, ficaram satisfeitos e amistosamente contentes, suponho. O que tem de anormal nisso? Bom, primeiro, o homem estava sentado na mesma altura do cão; segundo, o cão respeitava o homem; terceiro, o homem não foi egoísta, como é de se esperar da nossa espécie. A cena, terna e significativa,...

Palmeira apoia a mordaça dos professores

Imagem
Foto: Reprodução TV ALE O despreparo, ou desinteresse, dos políticos palmeiríndios em defender os interesses do município junto ao governo estadual e na ALE não é novidade. E os fatos falam por si: uma cidade falida, a geração de emprego é praticamente zero e a qualidade é uma afronta ao IDH.  Isso, sendo clichê, todo mundo sabe! Agora, que há políticos que lutam para amordaçar os professores, Palmeira dos Índios desponta no cenário político como uma das cidades que elegem deputados para agir contra a população. Sendo muito direto: ainda não entendi por que os palmeiríndios apoiam  e " ostentam" o título vazio de município sede do colégio eleitoral que elege deputado para fingir que trabalha e na única ação de destaque e de importância ímpar - ser um mero número que apoia o fim da livre docência. O Projeto de Lei, de autoria do deputado arapiraquense Ricardo Nezinho (que nem sabe quantos artigos possui o PL), não é só inconstitucional, como afirmam os sindicat...

Poder

Imagem
Poder , o último volume da Saga Encantadas, é o que se pode chamar de decepção salvadora. Com um mix de A Bela e a Fera, Chapeuzinho Vermelho e Rapunzel, Sarah Pinborough narra o início da jornada do Caçador e do Príncipe que aparecem em Veneno . A ideia de uma Fera aprisionada dentro do corpo da Bela, em um completo caso de dupla identidade e a pitada de sadismo e crueldade relatada no livo dão charme, insuficiente, para Poder .  Totalmente deslocado no tempo, o último volume da Saga é a cereja podre sobre o bolo regular que é a saga, que envergonha completamente os irmãos Grimm e o dinamarquês Hans Christian Andersen. Não vale a pena perder tempo lendo Poder, muito menos quaisquer dos antecessores. As justificativas da autora para que Poder seja o último livro da saga e de como inspirou-se são tão convincentes quanto os personagens descritos nos três volumes.Talvez, se fosse escrito por um Ghost Writer,  a saga poderia ter sido salva. Do jeito que se encontra é uma grand...

A maconha palmeiríndia

Imagem
Ontem, quebrando o charmoso ostracismo de domingo, botei o pé fora de casa ao meio-dia. Entre o esgoto a céu aberto e o mato que insiste em crescer por todo que é lugar, senti o cheiro conhecido de maconha, de tanto que fumaram no Marcus Freire II / Dia.  Fui andando até topar com dois indivíduos fumando a maconha nossa de cada dia sob uma árvore. E, nesse caso, não é só uma expressão quando digo que estavam "fumando meio-dia em ponto". Não é de se espantar que Palmeira dos Índios seja a cidade do amor - às drogas, ao ilícito e à desordem.  A maconha é ilícita, ainda, e não tenho preconceito com quem faz uso. Mas é particularmente alarmante que a maconha, e, supõe-se, outras drogas ilícitas, sejam tão comuns nas ruas palmeiríndias. Isso reflete a negligência da população em denunciar traficantes, segregar usuários, marginalizar os pobres e promover uma cidade onde os limites sociais do respeito, da conscientização e da aceitação ao diferente e à lei são tão promís...

Inocência vivida*

O escuro aparece O dia enegrece O céu escurece A rua desaparece eces da história do monstro no armário da casa mal assombrada dos bichos embaixo da cama Esses medos que um dia Foram os noturnos pesadelos Da inocência antiga É a gozação do pecado presente. *Poema do livro   Anjo da Guarda , de Rafael Rodrigo Marajá.

Da ciência e da rua

Imagem
Fonte: The Marabout. Henri Matisse. 1912 Durante a ditadura o governo misturou bandidos sem instrução com presos políticos, muito bem instruídos e organizados. E o resultado foi o crime organizado.  É das entranhas da Ditadura Militar que surgiram o Comando Vermelho e o Primeiro Comando da Capital - é só olhar os lemas e slogans primevos que veremos rastros daquela época. O mesmo processo de unificação do conhecimento das ruas com o conhecimento científico pode ser visto hoje, em alguns indivíduos. Da rua aprende-se a não ter medo, não importa do quê; aprende-se a enfrentar os golias, as drogas e a prostituição; aprende-se a sujar para não ser sujado, de sangue e de lama. É na rua que se forja o bandido interior. Das salas de aula aprende-se a usar o português, as ciências e a arte da sutileza; nas carteiras escolares alfabetiza-se o bandido interior e cria-se o refinado. Juntos, tem-se o corrupto, o mafioso, o traficante de alto escalão,  E é por isso que ...

Feitiço

Imagem
Aprisionada no alto da mais alta torre do costelo sob o domínio de um feitiço poderoso, Branca de Neve fica a mercê do seu príncipe egoísta, mimado e pedante. Muito distante dali Lilith, a rainha má, sofre com a perda da enteada e um inverno poderoso cai sobre seu próprio reino, refletindo seu estado de espírito. E enquanto os problemas na corte só se agravam, os plebeus sofrem com o gelo e o frio e o desaparecimento sistemático de crianças. Em Feitiço , Sarah Pinborough dá continuidade ao seu conto de fadas moderno trazendo o amor lésbico, o desprezo pela realiza e a quebra da visão romantizada de príncipes, princesas e fadas. A continuação da saga Encantadas surpreende mais pela ousadia que pelo valor literário, que sucumbe aos clichês.