Ninguém salva o Brasil de si

Portrait of the Artist. Mary Cassatt. Met.

Olhando a onda que se espalhou pelo país, e que é tão costumeira no processo eleitoral de um povo que resiste ao processo educacional civilizatório, há que sorrir da ironia do eleitores frente às ideologias dos partidos e às "propostas" dos presidenciáveis.
À parte as agressões, reais e inegáveis, dos bolsominions contra minorias e a latente apologia à tortura e à ditadura; e igualmente desconsiderando os petistas fanáticos, tem-se um drama violento que se desenrola nas ruas, nas igrejas e nos domicílios, onde ninguém sai vencedor, a despeito do resultado do pleito.
Foi observando essas anomalias que chego à conclusão que uma parte dos gays enrustidos continuarão cometendo suicídio e aumentando os casos de depressão registrados no sistema de saúde. E isso pela simples razão de que eles acreditam que estar enrustido, suprimindo seus desejos em uma organização religiosa (pensando que vai para um pseudo céu) e aplaudindo discursos de ódio contra a comunidade LGBTQ+, através do voto em candidato que notadamente visa a opressão de minorias, é um ato libertário e aceitável, quando se trata apenas de um ato de suicídio.
Mas esses gays enrustidos religiosos acreditam mesmo que estão defendendo a "família tradicional". Vamos rir dessa perspectiva. A "família tradicional", que possui uma mulher agredida e humilhada por um homem que possui diversos relacionamentos extraconjugais e acredita-se no direito de ofender os filhos e impor-lhes sua vontade, é não apenas ultrapassada e degradante, mas deve ser combatida.
Não existe outro modelo de "família tradicional".
O que é existe é o modelo de família humanitária.
Assim, a discussão não é sobre aceitar ou não movimentos de valorização da comunidade LGBT+ e garantir-lhes direitos fundamentais; não se trata de aceitar ou não outras formas de relacionamentos afetivos; não se trata de aceitar a corrupção de um e não a de outro; não se trata sobre anarquia, ditadura ou parlamentarismo; não se trata se devemos ou não comer carne de cachorro ou de cavalo no jantar. A questão toda é sobre defender, para todos, a igualdade ao acesso a direitos e deveres previstos em uma constituição federal que mal completou trinta anos.
Encenando o drama brasileiro, porque o brasileiro adora tanto o drama das novelas mexicanas que busca vivê-los, ainda que o preço seja alto demais para ser admitido tão abertamente, o voto de amanhã vai ser o braço forte que levará todo o Brasil para os porões da ditadura, mais uma vez, ou para os porões da obsolescência  resiliente.
Ninguém pode defender o Brasil de si mesmo.

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