A exaltação do homem comum


Exaltation. Arthur B. Davies. Metmuseum.
O correr da vida passa pelo sururu de Alagoas, espalhado por todo um estado, mesclando-se a sabores, cores e divergências da casa ensebada do pobre que faz festa pelo novo diminuto que surge como um bálsamo para as agruras de uma existência infeliz; ou do novo rico, que acredita que o sensato é defender o horror e o ódio de um "movimento" que quer obrigar a democracia a se retirar depois de poucos anos de sossego.
Passando pelas ruas à beira mar, ou à beira da lagoa, ou à beira do rio, recordando os versos de Jorge de Lima, a vida parece mais singular, indo de uma tristeza sutil a um conformismo sem tamanho de um povo que não teme mais nada, nem mesmo um Deus, morto há tempos, nem mesmo um Diabo, que parece habitar somente o fundo da panela, o sertão, a ponta do lápis.
O dia, a vida, as esperanças, as tristezas, a beleza. Tudo vai escorrendo entre lembranças e desejos insatisfeitos.
E o homem, só carne, ossos e sentimentos, decalcado pelo poeta, é só movimento que não para de prosseguir.

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