Todos os caminhos

Todos esses caminhos que cortam montanhas e atravessam rios são também meus caminhos, com sombra, com sol a pino, sem pousada à vista, sem muito o que ver.
Sempre a pé, percorrendo esses caminhos hostis em sua natureza, vou seguindo. E paro para descansar em avassalador desalento por não ter para onde ir e chegar. 
Sempre a pé, confirmo a minha desolação de caminhar em um mundo que não me abriga nem me apaixona. Meu ódio derreteu sob o céu do verão e amores, sempre pueris, desfizeram-se no orvalho.
Eu sigo caminhando, cada vez mais devagar. 
Um dia, eu sei, eu finalmente vou parar.
Não será hoje, eu sei. 
Hoje eu continuo caminhando com pesos que me entristecem a face ainda ingênua do meu ser. 
Hoje, ainda, eu continuo por esses caminhos, a pé, carregando esses pesos que não se deixam ficar.  

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