Orfandade

É fim de tarde.
Da minha janela vejo a BR 116/Rod. Santos Dumont e, mais perto, vejo crianças que brincam em algazarra no coração do bairro. 
Eu vejo a luz que vai se apagando tornando o verde das árvores mais escuro.
Eu vejo o quintal da casa ao lado e as janelas dos fundos das casas vizinhas. 
Eu vejo as luzes que já estão acendendo aos poucos.
Eu vejo as nuvens de junho que trazem a promessa de frio para o centro-norte baiano.
Eu vejo a minha imagem se apagando em meu antigo porto.
Eu me desvejo em fotos antigas.
E não há nada a ser dito sobre esse fluxo contínuo de mudanças que sucedem porque isso é a vida, incluindo sair da vida de outros, me embrenhando na minha mais íntima vida.
Eu sou órfão prematuro de outrem.
E isso é tudo.

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