O X Cultural
De um lado estavam os beberrões, muito
bem equipados com suas latinhas de pitu e coca-cola, falando das fêmeas que se
espremiam na não-tão-grande multidão que perdia o tempo olhando para o palco.
As músicas de sempre, as pessoas de sempre e os namorados entediados de sempre
cumprindo o oneroso papel social do relacionamento.Do outro lado, os casais que
sempre usam os abandonados prédios próximo à estação para a fornicação diária,
sempre depois das 22h, esperando que a madrugada desse um pouco de privacidade.
O São João na tal “Capital da Cultura” estava atrapalhando o gozo da própria
população, ironicamente.
Entre esses dois grupos lá estava ela,
de mãos dadas com um homem e olhando para muito além do
palco. Linda, o que é difícil de se encontrar em uma cidade povoada por uma
velharia imortal, vestia um vestido junino curto. E, entediada, sendo levada
pelo empurra-empurra daqueles que dançavam, acabou largando o homem, que
desapareceu entre os fogos, a músicas e os bêbados. Ela acabou no carro,
aberta, dada. O vidro embaçado fazia desaparecer o prédio do Banco do Brasil.
Quando a madrugada já ia virando dia, estava ela em outro quarto, sendo
deliciosamente seviciada.
No
São João da “Capital da Cultura” uns ganham pitu dos amigos, outros dançam com
desconhecidas na mera expectativa; outros ganham xibiu bem tratado e abençoado.
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