00:10 - Festa de morte*
Vou fazer, quando você morrer, uma festa sem
precedentes. Um evento capaz de renegar, do mundo, a amargura, a infelicidade e
a incredulidade. Será, das criações humanas, aquela que entrará para a história
como a satânica irmã da felicidade. Com músicas, sorrisos, alegrias, brincadeiras,
diversões das mais variadas e imprevistas. Será a sua festa, da sua morte.
E festejarei o caixão fechado, com todo o cheiro
irritante das flores e das velas. A sua lápide carregará o epitáfio do
princípio da felicidade nos corações. Não que sua vida tenha sido completamente
decadente, nem que sua influência tenha sido desprezível. Apenas que menos um
resultará em mais água e mais comida para minhas noites de ociosidade quando
nem a solidão da programação televisiva é capaz de fazer-me sorrir com uma
bobagem qualquer.
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