De bem com os demônios
O novo dia, ainda sem luz solar direta, já começou.
1h50 da manhã.
E aquele rostinho bonito com alma de velho está em seu hábito pessoal e, por vezes, secreto de ouvir músicas do século passado. Não é só ouvir qualquer música - é conectar-se a si por meio de um tempo igualmente doloroso e complicado de outras pessoas.
Conectar-se a si.
Quase nunca fazemos isso por receio dos demônios que podemos encontrar nas fissuras que nos fizeram desde sempre. Os meus demônios estão de bem comigo e estou pensando em levá-los ao shopping amanhã. Eu sei que eles gostam de reclamar de tudo e, por isso mesmo, será um ótimo dia.
Aquele corpo negro agora sonha acordado procurando canções e sentidos. Aquele negro não levou chicotadas físicas até à morte exaustiva. Porém, negro como é, há outros pesos que precisa arrastar?
Quantos pesos?
Quantos amores?
Quantos sentimentos?
Quantas palavras que não o alcança?
Agora mesmo eu sou o dedo que lhe aponta o caminho que não lhe agrada; uma violência que cometo com a naturalidade de quem nada compreende a realidade.
1h59 da manhã.
E cá estamos nós, no silêncio de nossas próprias mentes.
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