Sempre agrestes
Meu bem, paisagens agrestes sempre lembrarão os dias de agosto quando um sol quente era abrandando pelo sopro frio das serras em terras tão distantes, embora igualmente agrestinas.
Vi cactos espalhados e rebanhos pastando sem pressa.
Vi casas lindamente danificadas pelo tempo e que se mantém de pé por obra e graça da resistência que habita em seus moradores.
Vi cidades de nomes estranhos e povos de olhares questionadores - somente o literalismo que em mim defeitua pode explicar a beleza irracional disso.
Vi tudo isso. E sei que você viu também, nos dias em que fugia buscando o novo por essas bandas.
E nem mesmo o tempo e a distância entre esse nordeste do nordeste e a Baía de Todos os Santos podem tirar palavras gravadas a ferro e fogo do intangível livro dessa existência - por isso estamos também aqui, e aí.
Ora veja, fiz contas erradas e me senti em casa e confortável tão logo cheguei, como você disse uma vez sobre mim e todos os lugares - sobre isso sempre esteve certa.
Um anjo que hoje chora por causa da crueldade desse capitalismo feroz e do falso coleguismo pergunta-me se estou bem todo dia, desde a minha chegada. Já sei onde os nativos se reúnem para a cervejinha e, como bom fim de mundo, o melhor meio de transporte disponível são as canelas e as léguas intermináveis.
Meu bem, é domingo e o crepúsculo, onde não brilhei, trouxe a noite. A semana se anuncia e o tempo bate à nossa porta, como sempre, portas quilometricamentes distantes.
Amanhã há de ser outro dia, comigo sempre jogando, com você sempre fazendo as contas.
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