Entreolhar temporal

Foto: CCBS-UFS. Rafael Rodrigo Marajá.



Percorri esse caminho quando não entendia nada e só o que tinha era um desnorteamento entre o estômago e novos conceitos. 
Encontrei pessoas, nesse mesmo caminho, que agregaram minutos de distração e outras, cheias de falsas esperanças, sentaram comigo para um suco, penosamente pago.
Eu fiquei e elas se foram.
Não mais as reconheço.
E eu mesmo não sou o mesmo. Fiquei ali, no entrocamento entre o passado e o presente, com os bolsos vazios, o pensamento perdido e os olhos fixos nas folhas.
Fiquei, entre motivos, porque não havia para onde ir e nem uma marquise para me abrigar do sol, da chuva e do desalento.
As estações passaram, as pessoas passaram, o tempo passou, o clima mudou e eu, errante, fiquei.
Ainda estou e me encontro a cada quinze dias, olhando para as plantas que crescem, sentindo o cheiro do formol e cheio de desafios a superar para manter o mínimo.
Ainda sou o mesmo, sentindo-me encardido, ignorante e perdido. 
Eu fiquei no mesmo lugar.

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