Trouxismo brasileiro

Há quem diga que o peso, da vida, seja mais leve quando é compartilhado. E pode ser que o peso seja mais fácil de carregar quando mais de uma pessoa faz a força necessária para levantá-lo e carregá-lo. Nunca vi isso acontecer, em nenhum, com  ninguém.
E se nada é fácil para o brasileiro pobre, assalariado, menosprezado ainda que muito instruído, por que esperar que o peso de viver entre ruas sem saneamento básico e uma sobrevivência mal paga por empregos estafantes seja leve, ainda que compartilhada?
Talvez o problema seja que aprendemos a romantizar a pobreza, as carências e a sobrevivência, crendo que sofrendo estaremos expurgando males dessa e de outras vidas. Uma ilusão conveniente para os donos do capital e de igrejas.
Sozinhos, os brasileiros seguem o ritmo de suas reclamações sazonais, fazendo más escolhas, destruindo a si quando nada mais resta à fome implacável da destruição moral, material e espiritual.
Quem sabe, em alguma coisa perdida no tempo e no espaço, o brasileiro aprenda a ser menos trouxa. 
Quem sabe? 

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