O supermercado, o populacho e a política

Cidade de interior é uma alegria!
Chega um circo e o povo corre para baixo da lona como se disso dependesse o próprio status social de cada interiorano.
Chega um vendedor de ovos ambulante e o assunto das fofoqueiras, todas as tardes, é o quanto fatura e como trabalha o vendedor de ovos.
Não seria diferente e menos peculiar se um supermercado, que em nada mostra-se amigável com a sociedade local e os possíveis concorrentes, é implantado em uma das principais vias do município.
Os tapumes, que esconderam por várias semanas uma obra econômica, mas vista como faraônica pelos silvícolas, são retirados e a parede de vidro, precedida por um estacionamento amplo, evidencia que os pobres devem ficar longe, a não ser que deixe o cartão de crédito estourado ou entre na qualidade de funcionário subalterno, sem direito ou vontade de pensar.
No dia da inauguração corre o populacho para a porta do supermercado, esperando os representantes do poder municipal e estadual, à mercê da intempérie,  exultante pela "grandiosidade" do evento, da edificação e das "possibilidades " que ele, o populacho, não usufruirá se não tiver capital suficiente para ultrapassar o básico mensalista e gastar com supérfluo ou com marcas famosas.
Tão ridículo quanto é a representação política do município e do estado prestigiando um simples supermercado,  que se enquadra na média do tipo de empreendimento, apenas para mostrar ao grupo investidor, personificado na pessoa de um ou de poucos, que apoia tal negócio - um eufemismo para pedir apoio, principalmente financeiro, para as próximas eleições.
O poder público, de joelhos para os donos do capital, com uma taça de plástico em uma mão, concorre com o populacho para o troféu HUMILHADOS DO MÊS.
O ti ti ti há de prosseguir pelo tempo suficiente até que a realidade esbofeteie o populacho e o dono do  capital encontre outra forma de manter o Poder a seus pés, inventando outro bibelô.
Cidade do interior é assim.

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