O que verdadeiramente somos
Vamos vivendo como quem anda de carroça de burro, sempre sacolejando e a passos lentos sob um inclemente, levando poeira na cara durante todo o trajeto.
Isso é viver?
Nisso há o que agradecer?
A religião sempre nos diz que devemos ser gratos por tudo o que temos; que Deus é generoso e fez-nos nascer onde nascemos para que pudéssemos aprender algo; que tudo tem um propósito.
A religião mente.
A sociedade e todas aquelas pessoas que dizem que só quer o nosso bem - desde que esse bem não ameace ou altere o status quo desses bons irmãos -, mentem.
Somos apenas carne que se apega à ficção religiosa para não enlouquecer diante da barbárie social conceituada como pobreza.
Somos a escória que não pode entrar no shopping sem as barreiras das etiquetas das vitrines.
Somos molambos que se arvoram em roupa de grife, quando está estampado em nosso semblante a mediocridade do nosso ser e do nosso ter.
Nesses momentos em que a vida mostra-se crua e cruel, alguns extirpam-se deste mundo para outro obscuro e desconhecido (se existir outro mundo). Outros conformam-se em ser apenas mais um ser vivente sem eira nem beira, apenas boletos a pagar e doenças a sanar.
E ainda há aqueles que se transformam em doenças mentais incuráveis.
O que somos, o que temos, em que acreditamos. Tudo isso importa é define quem somos e o nosso papel no contexto social, a despeito do que pregam os manuais de autoajuda.
Vistos de fora, hora somos o burro que arrasta a carroça, ora somos a carroça e ora somos os indivíduos que vão sobre a carroça. Mas nunca somos o que guia simplesmente porque aceitamos cabrestos ante a opinião pública e em detrimento da nossa própria consciência.
Um dia, talvez, sejamos mais que isso.
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