O natal da Professora Decadente


Depois que se prostituiu para os seus pares em troca de apoio e os seus asseclas virtuais voltaram às suas respectivas insignificâncias, a Professora Decadente não tem nenhuma outra escolha além daquela que sempre recorre - tentar comprar com dinheiro e diárias em hotéis medianos o tempo e a atenção do seu gigolô. Escolhido competentemente para ser exposto em redes sociais, o hotel é o plano de fundo do último e principal recurso que utiliza para sentir-se gente - curtidas e comentários que, fora das redes sociais, revelam-se debochados e sarcásticos.
Com o relógio biológico em um tic tac veloz e presa em um romance russo, a pobre, sempre vista como um travesti, precisa recorrer aos seus aposentos para ruminar o fato de que nunca poderá ser uma reprodutora por medo e infantilidade - a corriqueira síndrome de Peter Pan que faz com que velhas creiam-se ninfetas. E embora acredite-se amada e a sua vaidade cresça continuamente, as luzes e o espírito natalino surgem como um balde de água fria para revelar não apenas o fracasso como mulher, como profissional e como ser humano como ridiculariza as chantagens emocionais que ela utiliza para convencer-se da mentira que é. 
A triste realidade de psicólogos e falsas doutrinas não são suficientes para suprir o vazio existencial. Com os aluninhos que tanto gosta de aliciar em suas respectivas casas, levando vidas mais normais, e os colegas, que usaram seu corpo para a satisfação sexual, com suas famílias, resta-lhe apenas o shopping e as reservas hoteleiras para ocupar o espaço onde deveria existir uma pessoa bem resolvida.
Longe de qualquer carinho, amargurada cada vez mais, a Professora Decadente vai se tornando aquilo que ela procura na difamação alheia - um corpo corrupto e uma mente depravada.

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