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Mostrando postagens de março, 2016

Papel e Tinta

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Pintura: Greek Torso  with Flowers. Henri Matisse. 1919. O amor vira letra desenhada em papel vulgar que, depois de dobrado, perde a forma e o tom. Esse papel deixa  nos dedos as marcas dos poemas lidos, das prosas fantasiadas, das paixões anteriores. No envelope, com a folha de papel , embarcam também rostos desconhecidos, beijos de outros tempos, tardes telegrafadas, miragens diversas. Até chegar aos olhos do destino muita água passa sob a ponte - muita água suja também. O amor, em letras de tinta azul, fica sob pilhas de livros, guardando o perfume de outros tempos, as recordações de outras, os sentimentos de passadas eras. E lá, escondido, deixa os anos passar com a mesma calma e paciência co que fez presentes infantis, efêmeras lembranças. E quem dirá, muitos anos depois, quando esse amor estiver de frente ao pelotão de fuzilamento da memória, que um dia viveu os tempos de paz? E assim a tinta vai escorrendo entre empalidecimento do tempo, do amor não apro...

O Inferno de Gabriel

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A trilogia O Inferno de Gabriel segue a modinha da literatura pobre e apelativa. Com um enredo um tanto deprimente e composto quase que exclusivamente por clichês, a trilogia deixa muito a desejar no que se refere a qualidade. A história de Gabriel e Julia é semelhante à de Anastásia e Grey, na trilogia Cinquenta Tons. Com referência a Dante e à sua mais famosa obra, A Divina Comédia, a trilogia perde a originalidade que poderia possuir e busca, sob a figura de Dante e Beatriz, arrematar o leitor com citações em italiano e trechos descritivos desnecessários.  A figura paradoxal do homem poderoso e problemático contrapondo-se à da mulher frágil é o elemento principal dos livros e que torna a leitura chata e necessariamente infantil. Não há muito o que escrever, nem mesmo de crítica ruim, porque nem para isso a trilogia O Inferno de Gabriel presta. Não há elementos bons e os maus são suprimidos de forma acachapante pelos clichês que são os livros. E sobre esse "misté...

O deus particular

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Pintura: Kathy with a Yellow Dress. Henri Matisse, 1951 O amor é egoísta. É intrínseco a quem o sente. É fabuloso. É mentiroso e magnânimo em suas manifestações. Dizem que precisamos do outro para amar - e isso é, por si só, uma mentira. No fundo, e de forma inadmissível, necessitamos apenas da representação física do outro. Precisamos apenas de um rosto que traduza o sentimento e de um corpo que ocupe um espaço, em algum lugar.  Todo o resto é bônus ou ônus. Quando se ama alguém todos os erros são perdoáveis, todas as faltas são justificáveis e todas as expressões humanamente possíveis são tratadas como pequenos incômodos de nosso deus particular. Porque quando se ama alguém este se torna apenas e tão-somente um deus particular capaz de mover as ilhas do pacífico, eliminar as doenças e sofrimentos do (seu) mundo e realizar milagres. Para esse deus chora-se, contra ele ira-se, a favor dele tornamo-nos Tersito. Em seu altar deixa-se a alma, as roupas do próprio corpo, ...

Desastre*

Me olha de cima E me vê como alvo Do tiro certeiro e da Agulha afiada Olha do céu e não vê A casa caída no barro Vermelho e lameiro Da bala certeira Vê-me na casa A pique e a taipa Da graça que concedeu Seu dedo algoz Visto de cima Tudo parece nua E simples cria Da bala fantasia. *Poema do livro   Anjo da Guarda , de Rafael Rodrigo Marajá.

A luz que resplandece

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Imagem: LDS Media No sábado de aleluia as praias de  Miaí de baixo e de Cima, do Gunga, do Francês, os Shoppings e as esquinas estão lotados. Gente que em biquínis tosta a pele ao sol, que hidrata-se ao álcool e que, sem perspectivas de uma vida com melhor qualidade acredita fortemente que estar sem fazer nada é chegar ao auge do sucesso.   Ironicamente, no dia de Aleluia quase ninguém rende as graças necessárias. No fundo, a maioria não está sintonizada com o objetivo representativo do Sábado de Aleluia, nem com o sacrifício de Jesus ou com qualquer outra representação religiosa ou filosófica. O que queremos, e sempre e cada vez mais, são feriados. O sacrifício e o cumprimento dos requisitos para o Plano de Salvação não têm significado nada  - e não é de hoje. Há muito Jesus tornou-se fantoche nas mãos dos falsos profetas, dos idólatras e dos corruptos. Ele tem apenas servido como justificativa para barbaridades e para prender homens e mulheres ingênuos ao ca...

Paixão (?) a qualquer custo

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CRISTO Tu nos dividiste, A tua chegada precipitou a agonia. Chegaste, o coração saindo de um fulgor invisível. Era cedo, tarde. O mundo acelerou sua agonia. As passadas iam e voltavam. Tu nos dividiste. Tem o amor estigma, cicatriz fenecida? Tem sinais cambaleantes? Dividiste a agonia. (Carlos Nejar, In Os Viventes, pág.71-72.) A sexta-feira corre com o sangue do homem que despencou da horrorosa estátua do Cristo do Goiti. O vivente deixou esse mundo com a indignidade do medo de cair de uns vinte metros no alto da mais alta serra de Palmeira dos Índios. Executando um serviço a mando da Prefeitura Municipal, sem Equipamento de Proteção Individual e sem quaisquer outros auxílios de socorro e prevenção de acidentes, o homem encontrou a morte no mesmo dia, representativo, em que Jesus sangrou por todos os poros e sofreu pelos pecados de toda a humanidade, pelos nascido antes Dele, pelos contemporâneos Dele e pelas gerações que surgiriam dali em diante....

Querido John

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Nicholas Sparks desenvolve em Querido John uma ficção tediosa e que só serve para perder tempo e ocupar o precioso espaço na estante. Uma mulher incrível, dedicada ao próximo, é a mártir de uma história de amor efêmera. Um homem com problemas em casa e que é uma sombra de Cameron, de A garota que eu quero , representa a instabilidade que só uma mulher é capaz de corrigir. Balela. Querido John , em uma perspectiva mais ampla e generosa, representa as razões pelas quais milhares de relacionamentos fracassam, mulheres ficam na geladeira da vida e os homens como estereótipos incipientes de masculinidade e força. Uma leitura incrivelmente chata sobre um romance fantasticamente morros. Um livro que não justifica o desperdício de papel e tinta.

Santa preparação

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Foto: roraimaemfoco.com O mercado da carne de Palmeira dos Índios amanheceu com o espírito da discórdia passeando entre a lama e os paus das bancas. Roubo, brigas, discussões e todo o aparato para as vendas de peixe de origem duvidosa e de bebidas alcoólicas de quarta-feira compuseram essa véspera. A ilusão de que as vendas aumentam na semana santa faz com que aflore nos vendedores e oportunistas da feira livre o desejo ganancioso de vender até a água do esgoto que serpentei entre as bancas. Esse ledo engano cria expectativas exageradas nos candidatos a vendedores e termina, sem surpresa, por deprimi-los no fim da feira ao constatarem que não houve compradores suficientes. Todos os anos é o mesmo ritual e como animais incompetentes os vendedores nunca aprendem. Hoje duas irmãs discutiram vulgarmente por 2 metros de rua; sitieiros já começaram a chegar e a noite promete muito movimento no mercado municipal  - cidadãos dormirão na rua para garantir que ninguém roube sua...

Depois da Festa*

Caça os prantos Nos pratos sujos Nos restos comidos Caça a gargalhada Da festa vivida Na casa arrumada Na procura de perdidos Achados foram olhos Bocas, cigarros e fatos Que no repente foram cantados Desprocurando ossos Achados foram os casos Traídos e amados No sigilo do acaso. *Poema do livro   Anjo da Guarda , de Rafael Rodrigo Marajá.

Bullying: responsabilidades

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Aceitamos a deficiência dos serviços prestados pelo Estado com muita  paciência  e conformismo e é por isso que creditamos a instituições de ensino particulares, ainda que não totalmente eficientes, o aprendizado, educação e instrução das crianças e adolescentes. Até aí está quase tudo meio bem e meio mal, por razões óbvias. No entanto, quando instituições de ensino, públicas e particulares, ferem os direitos e garantias das crianças e adolescentes o resultado é um futuro de discriminação, abominações sociais, suicídio e muito desrespeito com as gerações vindouras. Uma instituição que tem por missão formar cidadãos cientes de seus deveres e responsabilidades não está isenta do dever de punir os infratores da lei, ainda que sejam menores de idade ou servidores públicos, quando atacam as crianças e adolescentes; e não está isenta, quando omissa no dever de averiguar e punir os infratores, das penalidades legais, nos âmbitos civel e administrativo. Não podemos tornar ...

Não se engane, Brasil

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Pintura: Portrait of Lydia Delectorskaya. Henri Matisse. 1947 Não se engane os estrangeiros - o Brasil segue sendo o mesmo por baixo do circo armado por alguns grupos de comunicação e por alguns facções criminosas que habitam e disputam o poder no Planalto Central. No nordeste os casos de microcefalia continuam aumentando e os benefícios prometidos por governo e oposição estão com efeito retardado.  No norte, o sempre esquecido norte, movimentos sem terra continuam obstruindo as principais vias, como ocorre próximo a Canaã dos Carajás. O Sul vive os dramas da alta do dólar sobre a produção agrícola e o sudeste agoniza com a falta de saneamento básico que provoca as enchentes e alagamentos nos principais centros urbanos. O centro-oeste, bem, essa região acompanha a moda mais próxima. E enquanto telejornais tornam "normais e legais" a quebra do sigilo das telecomunicações da Comandante-em-Chefe da República Federativa do Brasil e alguns cidadãos, no livre exercíci...

A falta de princípios

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Pintura: Mountain Forms, Hoosac Mountains, Massachusetts. John Marin. 1918. "Joseph Smith tinha princípios elevados, era virtuoso, honrado, cavalheiro e cristão, mas os princípios que ensinou atacavam a raíz dos sistemas corruptos dos homens e, necessariamente iam de encontro a suas atividades, preconceitos e interesses." John Taylor, Profeta, Vidente, Revelador e Presidente de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos dias Na primeira metade do século XIX um homem brilhou como um astro incandescente ao lutar contra a corrupção humana. Ele [Joseph Smith] não empunhou armas contra outros homens e, mesmo assim, por defender a verdade e a retidão moral, ética e espiritual foi assassinado. E em mais de duzentos anos os mesmos princípios ensinados e defendidos com o próprio sangue por esse homem, com baixa instrução, continuam provando que são verdades eternas. A corrupção na política da América Latina e Caribe escraviza os latinoamericanos a sobreviver...

Morte Súbita

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J. K. Rowling revelou uma faceta capaz de desenvolver uma sensibilidade no leitor que nenhum outro autor de saga ou série até então foi capaz. Em Morte Súbita , romance renegado pelos fãs da escritora e também pelas editoras, é surpreendente e evidencia o que todos já sabem – J. K. Rowling é uma escritora brilhante. Com agressões físicas e verbais a crianças, mulheres e adolescentes; separação social entre ricos, classe média e pobres; execração pública dos pobres e drogados; dilemas familiares comuns a quase todos os países; sexo e drogas na adolescência; pedofilia e supervalorização da opinião pública; egoísmo, amor e dor são elementos que fazem de Morte Súbita um romance distante e diferente da série Harry Potter. Bola, Krystal, Andy, Robbie, Gaia, Tessa, Colin, Ruth, Simon, Samantha, Miles, Terri, Parminder, Barry e Kay pode ser encontrados em muitos distritos, ruas e esquinas. O que torna Morte Súbita incrível é a sua aproximação com o mundo real, a não-ficção. E, sinceram...

Crescida*

Passada a inocente De doce e pirulito No barro a brincar Resta a adulta sem lar Acabada a paz infante Sobra apenas à crescente Lua no altar A pedir e a chorar Mais um doce a saborear Doce foi a rua correria O suor frio do desassossego Pulante e medroso Do brinquedo novo Saboreada não foi A coisa da criança Infeliz na alegria E contente na tristeza Passada a infância A inocente deixou Por dinheiro e ganância O doce e o pirulito da rua. *Poema do livro   Anjo da Guarda , de Rafael Rodrigo Marajá.

Folclore cristão

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Foto: Cena da Crucificação. Fonte: LDS Media Domingo de manhã as pessoas saem às ruas, com uma bíblia e um cheiro insuportável de naftaleno, com passos vagarosos, sob o sol forte de Palmeira dos Índios, rumando com um ar presunçoso para igrejas, capelas e salões onde poderão adorar a si mesmas e suas qualidades divinas . E todo o resto, a partir daí,  pode ser descrito como hipocrisia. Essas mesmas pessoas não buscam o sentido de suas vidas vazias ou das respostas às perguntas elementares sobre a vida e o universo porque são incapazes de pensar sobre a própria existência e o sentido da criação. Elas acreditam no folclore de um bandido morto e crucificado que, supostamente, ressuscitou no terceiro dia para pagar pelos pecados da humanidade - pecados estes que não param de crescer. O mito folclórico perde a graça quando os honrados homens e as donas de casa ímpares precisam aplicar às suas vidas os princípios básicos da criação e vida humana. Elas acreditam que, talve...

Crise Moral

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The Circus (Jazz). Henri Matisse. 1943 Desde o populismo varguista o Brasil aceitou, como muita resiliência, a crise moral que se instalou nas instituições republicanas. No período ditatorial a crise foi suprimida pela necessidade de liberdade, a mais buscada era a de expressão, e pela natural justificativa  do sistema de governo instalado nos grandes centros urbanos. O problema das saídas tangentes para a repressão da ditadura foi a exclusão dos pobres das estatísticas de saúde, educação e desenvolvimento humano. Durante muito tempo os pobres e miseráveis eram apenas a escória de uma sociedade que não sustentava os próprios medos e limitações. Quando o país deixou a Ditadura para trás e iniciou seu processo de redemocratização a mídia que sobreviveu ao regime autoritário seguiu seu rumo, não sem continuar a manipulação das massas, e assim a primeira eleição presidencial, na aurora da década de 1990, foi eivada dos vírus manipulativos desenvolvidos na Ditadura. Enquanto o...

Idiossincrasia religiosa

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Quadro: Portrait of Olga Merson. Henri Matisse, 1911. Para o homem comum, que infelizmente ocupa a base da pirâmide social, todos os problemas físicos (sociais, econômicos e estruturais) e abstratos (morais e religiosos) são produtos das ações de deuses, ou de um Deus, sobre a vida ridícula deste mesmo homem. E isso explicaria o desemprego, a febre tifoide, a peste negra, as depressões econômicas, a corrupção e os assassinatos. O que o homem comum não admite, por ignorância ou extrema corrupção moral, é que as próprias ações são as únicas que podem resultar em prejuízos ou glórias durante sua não tão breve estadia na Terra. Se um homem, no auge de sua irresponsabilidade, transa com diversas mulheres e sem proteção é natural que esse homem e suas parceiras sejam portadores de doenças sexualmente transmissíveis e que cada mulher tenha, ao menos, um bastardo. Esses bastardos, sem a devida educação, poderão repetir os erros dos genitores acrescendo mais doenças e bastardos à estr...

It's Time

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O UFC é um dos esportes mais desejados e rentáveis. Nem sempre foi assim e o caminho até o octógono não possui tanto glamour como faz crer o imaginário popular e as propagandas. O caminho é longo e árduo e os bastidores revelam ainda mais desafios. Em It’s Time o leitor pode conhecer a vida da voz do octógono, a falência do UFC e o papel que os brasileiros desempenharam na evolução das Artes Marciais Mista. O UFC mostra-se um esporte mais humano e com objetivos claros e desafios importantes não apenas para o círculo do UFC como também para a sociedade, uma vez que revela novos paradigmas de interação entre os meios de comunicação, a indústria do entretenimento e os resultados finais do esporte. Bruce Buffer delimita claramente a linha de atuação dos participantes do UFC ao revelar os bastidores das lutas, permitindo aos leigos entender todo o processo de realização do UFC. Um livro claro, às vezes entediante e aparentemente prepotente, que agrega conhecimento a qualquer um que...

Caminhada*

Quando o choro parar E o calor cessar No desespero sofrido A razão há de aparecer No espelho em frente Na foto rasgada No sapato virado Na cama desfeita Na besteira caída Quando sair de repente E na rua vir seus brilhantes Nas mãos de outra serpente Verá, no clarão da razão, Seu poderio abalado Sua nudez exposta Sua acabada quimera Quando a calmaria ainda vier longe E de tudo deixar de saber Do desassossego acometido Terá que largar os seus Brincos, o batom, o rasgo Da calça e da camisa Seus penduricalhos e De porta em porta Chegará ao léu Quando tiver esquecido o motivo Do sofrimento e perdido no esquecimento Então terá encontrado A calma desejada do choro Irracional um dia cometido *Poema do livro Anjo da Guarda , de Rafael Rodrigo Marajá.

Socialmente toleráveis

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Quadro: The Conversation. Henri Matisse. 1911. Sempre conheci mulheres, de fortes a fracas, de feias a belas. Todas elas, de um modo ou de outro, querem a atenção de outras mulheres e de homens, seja para defender sua posição social seja para garantir sua marca - qualquer que seja.  De todas as mulheres que conheci, até hoje, algumas se destacam pela urgência em querer ser o centro das atenções. Na maioria das vezes a inveja alheia e a agonia de não estar em evidência acaba gerando má reputação e um rastro de lama que é muito difícil de limpar. Essas mulheres, especificamente, acabam marginalizadas em uma sociedade hipocritamente puritana, quando a expressão, de algum modo, é aplicado à sociedade contemporânea, por usarem a beleza que dispõem e os recursos naturais de suas qualidades físicas para ocupar um lugar de destaque nas comunidades em que participam.  Embora seja um pensamento infantil que acarreta consequências sérias, temos o hábito de não avaliar o comp...

Transporte Palmeiríndio

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Foto: Vista parcial da Praça da Independência. alagoastempo.com.br O mais recente circo de Palmeira dos Índios foi armado na Câmara Municipal de Vereadores tendo como objeto justificável o desserviço da Viação Lucena Turismo. Não de hoje, a referida empresa oferece serviços de baixa qualidade em veículos sujos, velhos e inseguros; a Prefeitura Municipal de  Palmeira dos Índios, através da SMTT, jamais instalou ponto de ônibus no município e os órgãos fiscalizadores nunca atuaram, efetivamente, na mesorregião alagoana. De repente, no mais alto grau de boa vontade, o(s) responsável(eis) por defender os direitos do povo comprou(ram) a causa em um ano muito particular - o de eleição majoritária municipal. Também muito coincidentemente a Viação Lucena Turismo começou a ameaçar parar de oferecer o serviço no fim de 2015 - e não cumpriu o dito por "boa vontade com a população". Agora, quando convocada uma audiência pública na Câmara de Vereadores, onde ninguém além de um...

A escrava Isaura

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Bernardo Guimarães registrou os preconceitos e os diversos tipos de violência e dominação sofridos pelos escravos no Brasil império. As páginas de A escrava Isaura mostra a violência contra a mulher e como as “bondades” são variáveis e efêmeras. Isaura, escrava que vive dentro de casa, vê sua vida infeliz sofrer uma reviravolta ao ser acusado de assediar seu dono. É assediada física e emocionalmente até ver-se à beira da venda. Foge com o pai para o Recife onde o destino a coloca na alta sociedade. Mas a vida não é justa e já naquela a exposição resultava em problemas muito mais graves que meros deslikes. Reconhecida, Isaura é levada de volta ao seu dono e tem sua reputação e saúde física e emocional abalada. A crueldade dos donos não possui limites e o que aguarda é mais cruel que a escravidão trabalhista. É salva por Álvaro, rico personagem que conheceu no Recife. E quando pensar que a história acabou ela dá a entender que está só começando. Uma obra prima da literatura...

Paixões violentas

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Quadro: The fall of Icarus. Matisse. 1943. O que nos falta são paixões violentas. Falta-nos a urgência da violência promovida pelo amor efêmero - a completa expressividade entre dois seres. A maioria das pessoas apenas tem pessoas-chaveiro com as quais podem, nem sempre, aparecer em um ou outro evento social. A maioria apenas sobrevive em relações deprimentes para não cair no inevitável abismo da mudança e do desapego que surge ao ficar só com os próprios pensamentos e o lixo que se acumula nas estantes, nos armários e nas roupas. Uma paixão violenta, que não precisa durar mais que uma semana e que pode durar anos, traz criatividade, vontade de viver,  desprendimento e força de vontade. São essas paixões que fazem o mundo girar, a tecnologia alcançar os mais altos patamares da inovação e a humanidade produzir as melhores peças de artes, quaisquer que sejam. Vida insossa, paixões insossas e a mediocridade dos medos habilmente conservados e cevados pela língua do povo não...